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Prefeito com doença rara chora ao relatar rotina em mutirão para doentes

Em Acauã, há vários casos diagnosticados da Ataxia de Firedeich, doença genética rara, com cerca de 205 diagnósticos no país

Prefeito Molão (PSD) e especialistas no Mutirão de atendimento a doentes em Acauã | reprodução internet

"Levanto às 5h  da manhã. Tem dia que é  melhore do que outro.Porque tem (alguns) dias que caço as pernas e não acho". Entre lágrimas, o relato do prefeito Reginaldo Raimundo Rodrigues (PSD), de Acauã,  emocionou os presentes no evento organizado pelo Movimento Raros do Piauí, que atua no diagnóstico e acompanhamento de patologias raras, como a Ataxia de Friedeich, que acomete o prefeito, conhecido na cidade como "Molão" e outros moradores do município, localizado a 480 km de Teresina. Em todo o pais, até 2016, havia 205 casos diagnosticados.

"Não é fácil, mas a gente vai aprendendo a conviver, como tudo na vida", diz o prefeito, que teve os primeiros sintomas na infância. Hoje, ele também tem dificuldades na fala. Durante o depoimento, ele foi amparado por uma das especialistas que participava do evento, realizado no Plenário da Câmara Municipal. O que chama a atenção é que a cidade, de apenas 6.400 habitantes tem dezenas de casos diagnosticados com a Ataxia.

Por causa do número de casos, a cidade recebeu um  mutirão para o atendimento de pacientes com especialistas, como neurologista, geneticista, enfermeira paliativista, fisioterapeuta. A equipe trabalha de forma integrada com o Movimento e o apoio de entidades filantrópicas, como Casa Hunter (Associação Brasileira de Pacientes com Doenças Raras e seus cuidadores).

A Ataxia de Friedreich é uma doença neurodegenerativa rara marcada principalmente por ataxia progressiva. Os sintomas aparecem ainda  infância até o início da vida adulta (antes dos 25 anos). O prefeito mencionou fraqueza muscular. Além dela, os portadores têm dificuldade de coordenação motora e equilíbrio, além de alterações na fala, como disartria (dificuldade em articular palavras); deformidades na coluna vertebral, como escoliose, perda de sensibilidade nas extremidades, especialmente nos pés e movimentos oculares descoordenados (nistagmo).

Os pacientes também podem apresentar alterações visuais (como atrofia do nervo óptico), perda auditiva, alterações endócrinas (como intolerância a glicose e diabetes mellitus) e cardiomiopatia hipertrófica. Os sintomas são progressivos, a velocidade da progressão é variável.

Diagnóstico e tratamento

O teste genético para a doença procura por expansões anormais de repetições de trinucleotídeos no gene FXN. É necessário que ambos os alelos apresentem alterações, portanto, a ataxia de Friedreich é uma condição autossômica recessiva.

No momento, não há cura para a ataxia de Friedreich. O tratamento visa o manejo dos sintomas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Uma abordagem multidisciplinar é fundamental para o seguimento. Além disso, é importante o tratamento de comorbidades como a diabetes mellitus e cardiomiopatia.

Com informações Casa Hunter

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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