"Ele ainda fala como se estivesse na presid?ncia". A frase, ouvida antes da entrevista com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, de 58 anos, ganha sentido quando se est? diante do atual senador, em seu gabinete em Bras?lia, que ocupa todo o 13? andar do anexo I do Senado. Exatos 18 anos do an?ncio do Plano Collor - na fat?dica tarde de sexta-feira 16 de mar?o de 1990, quando os brasileiros receberam a not?cia do confisco em suas poupan?as o discurso continua firme e o senador faz quest?o de manter um certo distanciamento de seus interlocutores, como se a liturgia do cargo exigisse.
Marcada para as 14h30m da segunda-feira retrasada, a entrevista come?a ?s 16h. A assessoria do senador explica a demora: a mulher de Collor, a arquiteta Caroline Medeiros, de 27 anos, m?e de suas filhas g?meas, Celine e Cecile, de 1 ano e 10 meses, est? com crise de coluna em casa. Sobre a mesa do ex-presidente, a foto da fam?lia e a imagem de Nossa Senhora de F?tima - a mesma que ele leva num bottom, preso ao terno impec?vel - chamam a aten??o, tanto quanto a discreta tatuagem com o nome de Caroline, inscrito no seu pulso esquerdo.
Na entrevista - que abre o especial do EXTRA sobre os 18 anos do confisco, com o resgate da mem?ria de protagonistas e coadjuvantes dessa hist?ria, brasileiros comuns, atingidos pelo trauma - o ex-presidente faz um balan?o do plano e de sua pr?pria vida. Reconhece que a medida foi "muito dura" e faz um in?dito pedido de desculpas, mostrando que os tempos mudaram, mesmo para o ent?o impetuoso e intempestivo jovem de 40 anos que queria salvar o Brasil do atraso: "Pe?o desculpas, porque n?o era meu desejo causar esse tipo de sentimento na classe m?dia brasileira"