O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu nesta quinta-feira (29) alterar o regime de metas de inflação. A partir de 2025, a meta será contínua, não mais levando em consideração o ano-calendário atual, de janeiro a dezembro. Isso significa que a meta será definida para um “horizonte relevante”, sem calendário fixado.
A decisão de alterar o regime de metas de inflação foi anunciada pelo presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro da Fazenda Fernando Haddad, durante uma coletiva de imprensa.
Haddad explicou que a mudança no regime em relação ao ano-calendário é uma prerrogativa do presidente e já havia discutido essa possibilidade com a sociedade. Ele manifestou sua simpatia por uma mudança nesse padrão que atualmente é adotado por apenas dois países, incluindo o Brasil. A partir de 2025, o Brasil adotará uma meta de inflação contínua, mantendo-a de acordo com os indicadores econômicos.
Com reuniões mensais, o CMN é composto pela ministra Simone Tebet (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Haddad vinha defendendo a mudança no sistema de metas e afirmou, em uma entrevista na quarta-feira (28), que levaria a discussão à reunião do CMN.
"[Vamos discutir] se é o caso ou não de tomar essa decisão sobre padronizar em relação ao resto do mundo o programa de metas de inflação do Brasil, que é sui generis, só no Brasil e mais outro país, acho que Turquia, que usa meta calendário", afirmou.
Mais cedo, nesta quinta-feira, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, mencionou que um estudo realizado pela instituição mostrou que a adoção da meta contínua seria "mais eficiente".
"Em alguns momentos da história, o governo ficou preocupado em estourar a meta em um ano específico e acabou tomando medidas no final do ano que fizesse com que aquela inflação caísse de forma pontual e que gerou uma alocação de recursos que não era a mais eficiente do ponto de vista econômico. E grande parte dos países não tem meta de ano-calendário."