O drama dos 2,5 milhões de jovens, aproximadamente, que chegam por ano ao mercado de trabalho e que não conseguem uma oportunidade por falta de experiência pode acabar em pouco tempo, na opinião do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e pré-candidato à Presidência da República. "Falta vontade política e gestão profissional para enfrentar o problema", afirma o deputado. "A solução na verdade é simples, mas exige um esforço do poder público". Segundo Ciro Gomes, as empresas receberiam um pequeno incentivo para contratarem esses jovens, ainda sem experiência, uma contrapartida para que elas proporcionem treinamento e eles adquiram assim a experiência requerida pelo mercado. O Governo também pode pagar o salário desses jovens por um determinado período.
O Governo pode abrir mão de uma fração mínima dos seus recursos para treinar essa mão de obra, em parceria com as empresas. "Não é despesa, mas investimento, que mais tarde retorna ao país em forma de geração de renda e progresso", afirma o deputado. Mas, simultaneamente, para que o Governo possa, paulatinamente, sair dessa função, têm que ser criadas metas para melhorar os cursos profissionalizantes, que, além da teoria, proporcionem uma prática efetiva para os jovens que irão ingressar no mercado de trabalho. "O jovem tem que sair desses cursos sabendo realmente exercer a profissão a que se propõe. A escola tem a obrigação de já ser uma primeira experiência prática".
Segundo Ciro Gomes, seu projeto para o Brasil se preocupa com duas direções quando o tema é desemprego: "O jovem, que procura emprego e exigem dele uma experiência que a escola não deu, e o pai de família, na faixa dos 40 anos, que está perdendo emprego para a máquina, e que precisa se qualificar".
Para Ciro Gomes, o Governo tem que criar o emprego de qualidade, preparando o cidadão para ocupar essas vagas. Ele explica que combater o desemprego implica em investir na Educação, criar oportunidade de estudo, de capacitação de ótimo nível, para quem não tem condições financeiras para bancar uma escola particular, independente da idade que a pessoa tenha.
O Brasil só vai ter uma solução honesta, sincera e que o povo merece, se tiver um modelo de desenvolvimento econômico que permita a economia crescer acima de 5%, na opinião do deputado federal. "Se a economia brasileira crescer menos de 5%, não cobre os desempregados que perderam emprego para a máquina e não gera a quantidade de empregos que o país necessita para atender os jovens que chegam ao mercado de trabalho".
"Crescer é uma opção estratégica, que tem seus riscos e, por isso, o Brasil adotou uma postura muito conservadora. Crescer hoje é um efeito colateral, não há um modelo econômico pensado especialmente para este fim", explica o pré-candidato à Presidência da República.
Um dos exemplos do que Ciro Gomes pretende fazer pelo Brasil é o que se chama Substituição de Importação, que é produzir no Brasil o que hoje o país compra do estrangeiro. Ciro Gomes dá como exemplo a área de Saúde, onde o Brasil importa por ano US$ 12 bilhões em itens, como próteses, cama de hospital e instrumental.
O deputado quer fazer um complexo industrial de Saúde para suprir esta necessidade do país. Ele diz que 76% destas importações em Saúde é tecnologia vencida, "que você não precisa nem fazer muita força, é só copiar". Segundo Ciro Gomes, "isto pode ser produzido no interior da Amazônia, no interior do Nordeste, no interior da metade sul do Rio Grande do Sul, que tem um problema econômico dramático, no Vale da Ribeira, em São Paulo, em Santa Catarina, no Vale do Jequitinhonha e em qualquer lugar porque é o governo que compra".
Outro caminho que Ciro Gomes aponta é na agricultura. "Ninguém é melhor do que o Brasil na produção da agricultura tropical, mas inacreditáveis 40% de tudo o que a gente gasta pra tirar nossa agricultura do chão compramos do estrangeiro. E, se a gente tiver coragem de peitar os interesses, às vezes até corruptos, das multinacionais, ao invés de produzirmos empregos por aí afora, a gente produz aqui, no centro-oeste", afirma.
Depois desse primeiro passo, Ciro Gomes afirma que é preciso planejar estrategicamente o futuro do país. Ele acredita que o caminho para enriquecer o Brasil são as áreas de biotecnologia, engenharia genética, combustíveis renováveis, energia, bioenergia, nanotecnologia, novos materiais, supercondutores, indústria aeroespacial e complexo de defesa.
"Só quem pode fazer este projeto é um governo interativo com a iniciativa privada, puxando a academia que hoje está meio dispersa para responder as questões de ciência, de tecnologia, porque nós estamos perdendo a batalha. Primeiro, a gente precisa parar de perder emprego para a China, para os Estados Unidos e para a Europa, fazendo as coisas que a gente compra deles aqui mesmo, gerando emprego e salário para o nosso povo", completa o deputado.
Ele defende uma atuação mais ágil do governo no setor da Construção Civil, minimizando o risco da inadimplência e a falta de financiamento. "Não é para dar dinheiro a ninguém, é para emprestar, ser parceiro, fazer as coisas acontecerem".