Apontado como favorito na corrida pelo comando da Câmara, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) foi eleito nesta segunda-feira o novo presidente da Casa, com 304 votos. Ele disputou o cargo com os deputados Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) --que receberam 129 e 76 votos, respectivamente.
Na Câmara, para ser eleito presidente era necessário conseguir a maioria absoluta dos votos dos presentes em plenário --desde que tenha um quórum mínimo de 257 votantes. Votaram 509 parlamentares na sessão de hoje.
Ontem, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) desistiu de disputar a presidência da Câmara com o argumento de que preservaria a unidade do PMDB. Com isso, declarou apoio a Temer.
Apoiado pelo chamado blocão de 14 partidos --PMDB, PT, PSDB, DEM, PR, PDT, PTB, PV, PPS, PSC, PHS, PT do B, PTC e PRTB--, o peemedebista conseguiu evitar que a disputa fosse para um segundo turno. Os deputados escolheram seu novo presidente por meio do voto eletrônico.
Além da garantia de exposição na mídia --que pode facilitar futuras campanhas--, o presidente da Câmara tem poder e influência sobre a pauta de votação dos projetos que tramitam no Congresso, além de ser o terceiro na linha de sucessão, atrás do presidente da República e do vice.
Temer vai administrar em 2009 um orçamento de R$ 3,2 bilhões.
Biografia
O deputado federal Michel Miguel Elias Temer Lulia, 68, chegou pela terceira vez à presidência da Câmara dos Deputados. Ele já presidiu a Casa por dois mandatos entre os anos 1997 e 2001 --quando foi substituído pelo atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB-MG).
Filho de Miguel Elias Temer Lulia e March Barbar Lulia, Temer nasceu em 23 de setembro de 1940, em Tietê (SP). Advogado, professor e pai de três filhos --Luciana, Maristela e Clarissa--, o deputado federal cumpre seu sexto mandato como congressista.
Filiado ao PMDB desde 1981, foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1986. Temer participou da Assembleia Constituinte (1988) e é o atual presidente nacional do PMDB, posto que exerce desde 2001.
Como presidente da Câmara, Temer manteve o PMDB na base de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso. Sua grande obra na presidência da Casa foi desengavetar o projeto do novo Código Civil, que acabou aprovado na gestão Aécio.
Advogado, dava aulas de direito constitucional na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, junto com André Franco Montoro. No ano de 1982, quando Montoro se elegeu governador de São Paulo, convidou Temer para ser o procurador-geral do Estado.
Nove meses depois, Temer recebeu um telefonema de Montoro, que o convidou para ser o novo secretário da Segurança Pública.
A passagem pelo governo Montoro lhe rendeu o mandato de deputado federal constituinte em 1986. Em 1988, ano da cisão peemedebista que deu origem ao PSDB, preferiu continuar no partido.
No governo de Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994) em São Paulo, Temer voltou à Secretaria da Segurança Pública após o massacre do Carandiru. Ao final da gestão Fleury, foi preterido na escolha para disputar o governo e retornou para a Câmara, onde se firmou como interlocutor de FHC.