Pré-candidato do PSB à Presidência da República, o deputado Ciro Gomes (CE) questionou nesta terça-feira a decisão do PMDB de formalizar aliança com o PT em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto em 2010. Ao lembrar que o PMDB não tem como "hábito" cumprir promessas eleitorais, por ser um partido rachado internamente, Ciro disse esperar que desta vez seja diferente.
"Será muito bom para o país que o PMDB entregue o que está prometendo. Há dúvidas se entregarão. Com que bases e linguagem esse acordo será feito se for replicar uma hegemonia frouxa de um certo PMDB?", questionou Ciro.
O deputado disse estar disposto a concorrer ao Palácio do Planalto, sem a possibilidade de sair ao governo de São Paulo ou mesmo à vice-presidência na chapa de Dilma. "Sou candidato a presidente. Pode colocar isso com ponto de exclamação", disse à Folha Online.
No pré-acordo com o PMDB que será selado hoje, os petistas vão oferecer a vice-presidência na chapa de Dilma ao partido. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), é cotado para a vaga. Temer, porém, desconversa quando questionado sobre a sua participação na chapa da petista.
"Na verdade, não há candidato a vice. Se houver a participação do PMDB na chapa como se pretende, não há nome para a vice. Há provavelmente a vice, mas não há ainda nome para isso", disse Temer.
Segundo o deputado, o PMDB vai definir somente na convenção da legenda, no ano que vem, se efetivamente vai se coligar com o PT em nível nacional. Por enquanto, a ordem dentro do PMDB é fechar um acordo informal com os petistas para forçar a legenda a apoiar a candidatura de Dilma.
"É possível que desta conversa resulte um pré-compromisso que pode depois tornar-se compromisso e, ao final, uma aliança. É possível que venhamos a participar da campanha, participar da formulação do programa. Mas isso há muito pela frente", disse Temer.
O principal impasse para a aliança com o PT são os palanques regionais. Se o PT se coligar com o PMDB nacionalmente, muitos candidatos terão que repetir a aliança nos Estados --o que traz problemas à legenda que enfrenta resistências regionais. "Se houver a possibilidade de aliança nacional, se dará mais adiante. Vamos dialogar com todos os Estados, fazer conversas depois desse pré-compromisso", afirmou Temer.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse acreditar que os impasses nos Estados serão superados. "São as lideranças regionais que passam a ser nossa obsessão, na certeza de que o acordo nacional vai impor mais respeito e melhor compreensão das bases", afirmou.
Impasse
Além dos impasses regionais, o PMDB enfrenta um racha dentro da legenda sobre o apoio à Dilma. Parte do partido defende a aliança com o candidato do PSDB, que deve ser definido até o final do ano. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), defensor da candidatura de José Serra (PSDB-SP) ao Palácio do Planalto, disse esperar a mudança de rumos do partido nos próximos meses.
"Se ela não decola, se não sai de onde está estagnada, a tendência é o partido apoiar o Serra, o meu candidato. Por que agora, sob pressão do presidente Lula, o PMDB vai dar um apoio que não tem nenhum valor jurídico, formal, só a convenção em junho de 2010 é que fará isso?", questionou Jarbas.