Os candidatos a deputados estaduais e federais piauienses apostam nas "dobradinhas" para reforçarem os votos nas eleições de outubro. A prática em que um candidato apoia o outro passa por todas as siglas e têm como critérios desde o grau de parentesco até as regiões dos postulantes à uma vaga em uma das Casas Legislativas. O objetivo é agregar o pontencial de eleitorado do parceiro ultrapassando os limites das bases eleitorais. Para o candidao a deputado federal Antônio Neto (PT), divulgar os nomes dos candidatos a deputados estaduais de seu partido nas reuniões em que participa ajuda o eleitor a compreender melhor a continuidade do projeto que o PT realizou nos últimos sete anos.
?É importante que o eleitor vote na coligação como um todo, porque assim ficará mais fácil, na Assembleia e no Congresso Federal, aprovar projetos propostos pelos parlamentares que possuem o mesmo pensamento de desenvolvimento do Piauí e do Brasil e ainda ajudarão o poder Executivo a governar?, explicou Neto. O ex-secretário estadual de Fazenda se associa com mais de um candidato à Assembléia Legislativa do Piauí.
?Às vezes você chega numa determinada região que vota em candidato A para Estadual e em outra em candidato B, como nosso objetivo é fazer o maior número de parlamentares da nossa coligação e principalmente do PT para a Assembleia, enfatizamos seu trabalho e propostas e pedimos votos para todos, mas sempre colocando o nosso nome para ajudar na Câmara Federal?, completa.
Já o deputado estadual e candidato a uma vaga na Câmara Federal Assis Carvalho, também do PT, enfatiza que as dobradinhas são explicadas pela afinidade entre os candidatos. "Cada candidato tem uma linha de atuação e consequentemente uma categoria ao qual é mais ligado. Para o cargo de deputado federal, onde o coeficiente de votos é muito maior, as dobradinhas são importantes, pois possibilitam chegar a vários públicos, além de fortalecer a imagem do partido", destaca Assis.
O vereador tucano Firmino Filho, que busca se eleger para a Alepi, faz dobradinha com o deputado federal Júlio César, do Democratas, partido aliado na coligação "A Força do Povo", encabeçada pelo ex-prefeito Sílvio Mendes (PSDB). O caso, no entanto, é excessão, já que os candidatos priorizam parcerias com membros que dividem a filiação partidária. Com o aumento no número de candidatos da mesma família, as dobradinhas também se concentram no mesmo sobrenome.
É a situação do candidato a deputado estadual Themístocles Sampaio Filho (PMDB), que une sua imagem à do irmão que concorre à Câmara Federal, Marllos Sampaio (PMDB). O candidato ao Senado, Ciro Nogueira (PP), aposta na associação com a esposa, Iracema Portela, que pretende ocupar uma das dez vagas de deputada federal no Estado. Já os candidatos a vice-governadores Flávio Nogueira (PDT) e Moraes Sousa Filho (PMDB), ambos deputados estaduais, lançaram para a Alepi o filho, Flávio Nogueira Filho (PDT) e a esposa, Juliana Moraes Sousa (PMDB), respectivamente. Nos cartazes e roteiros pelo interior do Estado, eles apostam da dobradinha e transferência de votos para se elegerem. (S.B.)
RETRANCA:
Candidatos priorizam dobradinha com Lula
No campo das dobradinhas, o presidente Lula é artilheiro. Ele e sua candidata à Presidência, a ex-ministra Dilma Roussef (PT), estão presentes na maioria dos programas eleitorais veiculados no rádio e na televisão dos candidatos governistas e até dos oposicionistas no Piauí. O candidato a reeleição no Senado, Mão Santa (PSC), lembra no horário eleitoral que, apesar de fazer ferrenha oposição à Lula em Brasília, também foi um dos responsáveis a ajudar o popular presidente a aprovar projetos importantes na Casa.
O cientista político Vítor Sandes ressalta que o uso da imagem de Lula, devido à boa avaliação do Governo Federal pelo eleitorado, aumenta a intenção de votos dos candidatos que se associam com ele. "Nota-se que quanto mais Dilma demonstra estar vinculada ao presidente, mais ela cresce nas pesquisas de intenção de voto. Candidatos governistas, cujos governos possuem boas avaliações, possuem grandes chances de obter vitória no pleito eleitoral. As pesquisas de intenção de voto tem apontado esse quadro no caso nacional", argumenta Sandes.
Os candidatos aos governos estaduais, estimulados pela necessidade de alavancar suas candidaturas, tendem se vincular à candidatura de Dilma (e consequentemente à imagem de Lula), desde que haja alguma coerência política nesse tipo de vinculação, ressalta Vítor. "No caso da candidatura de Serra, de oposição ao Governo Federal, considerando a estratégia política tomada, a vinculação tem sido feita de modo mais cauteloso. Por isso, há uma tendência a não vinculação mais direta da imagem de candidaturas estaduais à candidatura de oposição no caso nacional", explica.
Sandes também lembra que no Piauí, com a presença de três candidaturas fortes ao Governo estadual, é comum haver mudanças na posição de lideranças locais quanto aos seus apoios. "A variável partidária não é suficiente para explicar a lógica de apoios de lideranças à candidaturas estaduais. Deve-se observar as coligações partidárias, mas é preciso analisar as mudanças caso a caso. Essas alterações no apoio são possíveis devido à atual conjuntura política estadual, cujas pesquisas de inteção de voto apontam para um possível segundo turno", frisa. (S.B.)