Candidato que teve nudes vazadas sugere Bolsa Família após exoneração da Polícia

No pedido ao Judiciário, ele alegou perseguição política e afirmou ter sido vítima de uma “injustiça”.

Eric Fantin foi exonerado da Delegacia de Polícia Civil.  | Reprodução Eric Fantin foi exonerado da Delegacia de Polícia Civil. | Foto: Reprodução
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O juiz Laio Portes Sthel, da Primeira Vara Cível de Juara, rejeitou o mandado de segurança solicitado pelo ex-delegado Eric Márcio Fantin, de 38 anos, exonerado da Polícia Civil na última semana. Fantin, envolvido em diversas polêmicas, foi acusado de enviar imagens íntimas feitas dentro da delegacia para uma garota de programa. No pedido ao Judiciário, ele alegou perseguição política e afirmou ter sido vítima de uma "injustiça".

A decisão foi proferida na tarde de segunda-feira (17). No mesmo dia, Fantin usou as redes sociais para ironizar sua situação de desemprego. “Depois de 23 anos, essa é a primeira segunda-feira que eu acordo desempregado”, publicou em um storie do Instagram. Em outra postagem, perguntou onde poderia fazer o cadastro do Bolsa Família em Juara.

Carreira política e polêmicas

Apesar de atuar como delegado em Juara, Fantin disputou a prefeitura de Brasnorte pelo PL, protagonizando embates com o atual prefeito, Edelo Ferrari (UB), reeleito com uma diferença de apenas 155 votos. Após a derrota, ele entrou com uma Ação de Investigação Eleitoral (Aije) pedindo a cassação do adversário, mantendo a esperança de assumir o cargo caso o prefeito perca o mandato.

Fantin ingressou na Polícia Civil em novembro de 2021 como delegado substituto, ainda em estágio probatório, recebendo um salário de R$ 32 mil mensais. No entanto, ao longo do período, envolveu-se em situações incompatíveis com a função, incluindo conflitos com colegas. A comissão responsável pelo processo avaliativo recomendou sua exoneração por considerar que ele não atendia aos requisitos para ser efetivado.

Mandado de segurança e argumentação

Em sua petição, Fantin argumentou que a comissão de avaliação do estágio probatório apontou a existência de seis sindicâncias contra ele, todas ainda em andamento. Ele alegou que quatro dessas sindicâncias já haviam ultrapassado o prazo de 210 dias para conclusão, o que, segundo ele, invalidaria a possibilidade de impactarem negativamente sua avaliação funcional.

“Uma vez incontestável o transcurso legal para conclusão das Sindicâncias, o Processo de Avaliação do Estágio Probatório não poderá subsidiar eventual avaliação negativa do servidor, sobretudo quando para recomendar a sua exoneração, mormente porque a ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza, inclusive a Administração”, justificou a defesa no recurso, que também pedia o arquivamento das investigações na Corregedoria da Polícia Civil.

Sentença e indeferimento

O juiz destacou que a exoneração do delegado foi publicada no Diário Oficial do Estado em 14 de março, com assinatura do governador Mauro Mendes. Na decisão, explicou que a demissão já havia sido concretizada, o que inviabilizava a concessão da liminar.

Nesta senda, ante o pedido liminar de suspensão das sindicâncias em razão do risco de eventual exoneração, e a posterior ocorrência da exoneração, houve o perecimento do efeito almejado com o requerimento da medida liminar, e, por conseguinte, não está evidente nos autos a possibilidade da ocorrência de lesão irreversível ao direito da parte impetrante ou dano de difícil reparação, porquanto já consumada e sequer impugnada a exoneração em si nos presentes autos. Logo, uma vez que os requisitos da medida liminar em Mandado de Segurança são cumulativos e que um destes não se encontra evidente, pertinente o seu indeferimento. Outrossim, em virtude da ausência do risco de lesão irreversível ou de dano de difícil reparação, necessário que seja estabelecido o contraditório. Ante o exposto, indefiro o pedido liminar.

Histórico de polêmicas

Fantin já passou por diversas delegacias do estado, incluindo Brasnorte, Aripuanã e Colniza, e em todas acumulou desentendimentos. Em Brasnorte, foi alvo de uma representação na Corregedoria por suposta perseguição política contra um vereador. Em outra ocasião, alegou estar sendo ameaçado de morte por investigar políticos da cidade.

Durante a campanha eleitoral de 2024, vídeos íntimos de Fantin vazaram nas redes sociais, nos quais ele aparece mantendo relações sexuais com uma garota de programa. As imagens mostram que ele trocava "nudes" dentro da delegacia de Juara. Inicialmente, negou a veracidade do material, mas depois admitiu publicamente e pediu desculpas à esposa, justificando que passava por uma crise conjugal.

Outro embate marcante ocorreu em 2022, quando uma investigação liderada por Fantin colocou sob suspeita o vereador Reginaldo Carreirinha (MDB) e outras três pessoas por crimes como estelionato, receptação, crime ambiental e lavagem de dinheiro. Em 2023, o prefeito Edelo Ferrari acusou Fantin e outro delegado, Antônio Carlos Pinzan Júnior, de arquitetarem um "complô" contra ele.

Agora, afastado do cargo, Fantin tenta reverter a exoneração, enquanto segue ativo nas redes sociais e nos tribunais.

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