A sucessão presidencial de 2026 acirrou os ânimos entre dois dos principais líderes do campo bolsonarista. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), reagiu com dureza às declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que, em entrevista ao Globo, apontou Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior como os únicos nomes viáveis da direita na disputa pelo Palácio do Planalto.
Críticas diretas a Ciro
Em publicação nas redes sociais, Caiado classificou como “vergonhosa” a tentativa de Ciro de se colocar como “porta-voz” de Jair Bolsonaro e de antecipar o apoio do ex-presidente ao governador de São Paulo.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa, e algo tão gritante que ele já se coloca como porta-voz do presidente Bolsonaro, o que ele não é”, afirmou.
O governador goiano ainda ironizou a pretensão do senador, afirmando que, se Bolsonaro quisesse um representante, esse papel caberia à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou a um dos filhos do ex-presidente.
Resposta irônica
Procurado pelo MeioNews, Ciro replicou sua publicação nas redes, comentando o tamanho do texto divulgado pelo governador.
“Vi a postagem do governador Ronaldo Caiado sobre minha entrevista. Me chamou a atenção a enormidade do tamanho. Deve estar com o tempo livre. Eu não. Sobretudo para polêmicas vazias. Nosso adversário é Lula. Caiado, pode falar qualquer coisa: você está certo. Satisfeito?”, ironizou o senador.
Bastidores da disputa interna
O embate expôs fissuras na superfederação formada pelo União Brasil e o Progressistas, que uniu, no papel, dois grupos de direita com projetos próprios de poder. Caiado, que tenta se viabilizar como pré-candidato à Presidência, viu na fala de Ciro uma tentativa de excluir seu nome e de impor um consenso em torno de Tarcísio.
“De pronto, Ciro já veta pelo menos três pré-candidaturas: as de Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro e a minha, prestando um enorme desserviço à direita. (...) Quanto à minha pré-candidatura, devo dizer que não dependo de aval de Ciro Nogueira”, disparou o governador.
Disputa por espaço e liderança
Nos bastidores, dirigentes do União avaliam que Caiado enfrenta dificuldades para se firmar como opção do grupo, apesar de sua popularidade em Goiás. Já o governador tem repetido a aliados que não pedirá autorização a ninguém para se lançar candidato.
Alfinetadas sobre desempenho político
Em meio às críticas, Caiado também aproveitou para atacar o desempenho de Ciro no Piauí.
“Tenho 88% de aprovação em Goiás nos últimos três anos, a maior entre todos os governadores. As mesmas pesquisas mostram que Ciro Nogueira não tem forças sequer para se reeleger senador no seu estado, o nosso querido Piauí”, provocou.
E concluiu:
“Ciro Nogueira não tem estatura política para julgar as pré-candidaturas a presidente, incluindo a minha. E certamente não será por ele que passará a decisão de construir a melhor estratégia para derrotar o PT.”
O impasse no campo bolsonarista
A troca de ataques ocorre em meio à incerteza sobre o futuro político de Bolsonaro, que segue inelegível. A indefinição abre espaço para disputas internas, enquanto o Centrão tenta acelerar a escolha de um candidato único até o fim do ano. A possibilidade de Tarcísio de Freitas ser o nome de consenso agrada parte dos aliados do ex-presidente — mas desperta resistências em quem, como Caiado, tenta ocupar o vácuo deixado pelo líder da extrema direita.