As Forças Armadas brasileiras operam sete modelos de drones, todos voltados para monitoramento, sem a capacidade de combate, ao contrário dos drones utilizados pela Ucrânia em ataques contra a Rússia nesta semana.
Entre os drones utilizados pelo Brasil, está o Hermes 900, de fabricação israelense, que foi empregado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para localizar vítimas durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024. Outro modelo é o Nauru 1000C, operado pelo Exército Brasileiro.
Este drone tem o potencial de ser equipado com mísseis, o que colocaria o Brasil entre os 54 países que já possuem drones de ataque, conforme levantamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
Na América Latina, somente a Venezuela possui drone de combate – o Mohajer, um dos modelos fabricados pelo Irã, que está entre os maiores países fornecedores desse tipo de equipamento.
Professor do Departamento de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin ressalta a utilidade dos modelos de ataque.
"Atualmente, há desenvolvimentos acelerados para drones de reconhecimento, cuja principal função é explorar a localização das tropas e depósitos oponentes, permitindo que tanto a artilharia quanto os sistemas de mísseis atinjam os alvos com maior precisão. Nesse caso, o tamanho reduzido tem vantagens e pode evitar o reconhecimento e o abate do drone", afirma.
Todos os 7 drones utilizados pelas Forças Armadas brasileiras, por exemplo, podem funcionar para orientar as aeronaves de combate sobre alvos – a chamada condução de tiro.
Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) afirma, entretanto, que o Brasil está ficando para atrás na era dos drones de combate.
Para o especialista, o país tem, inclusive, empresas nacionais com capacidade de desenvolver drones de combate – o Nauru 1000C, que pode ser adaptado para transportar mísseis, é feito pela XMobots.
O especialista afirma, entretanto, que falta apoio e direcionamento do Estado.
“Enquanto nós não tivermos efetivamente uma reforma das forças armadas brasileiras, onde você tem a destinação concreta de uma porcentagem do orçamento para aquisição de novos equipamentos, a indústria não vai para frente. Já que os militares estão falando tanto que precisamos de 2% do PIB para tudo funcionar direito, padrão OTAN. Tem o seguinte: 2% do PIB, mas há uma limitação do quanto se gasta em folha de pagamento para ter no mínimo 30% do orçamento para novas aquisições. Então, aumentar o nosso orçamento sem uma reforma não vai sustentar isso", diz.
Hermes 900, drone da Força Aérea Brasileira — Foto: FAB
Drone Heron 1, da Força Aérea Brasileira — Foto: Reprodução