O Brasil registrou melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012, mostra relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quinta-feira (14), mas manteve a posição no ranking mundial registrada no ano anterior, 85º lugar.
Isso aconteceu, segundo a ONU, porque a melhora no progresso humano ocorreu em diversos países. Das 187 nações das quais a ONU coleta dados, 108 países mantiveram suas posições. Outros 44 países perderam colocações e 35 subiram no ranking, como África do Sul e Panamá.
O IDH é um índice medido anualmente pela ONU com base em indicadores de renda, saúde e educação. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH. O ranking divide os países em quatro categorias: nações com índice de desenvolvimento "muito elevado", "elevado", "médio" e "baixo".
O Brasil registrou IDH de 0,730, ante 0,728 em 2011, o que inclui o país entre os de desenvolvimento elevado. Nas últimas duas décadas, o país registrou crescimento de 24% no IDH, conforme a ONU - passou de 0,59 em 1990 para 0,73 em 2012.
A primeira colocação no ranking mundial permanece com a Noruega (0,955), seguida por Austrália (0,938) e Estados Unidos (0,937). Os três piores colocados são Moçambique (0,327), Congo (0,304) e Niger (0,304).
O Brasil está atrás de quatro países da América do Sul, como Chile (40º lugar), Argentina (45º), Uruguai (51º) e Peru (77º). Entre outros vizinhos, fica na frente de Equador (89º) e Colômbia (91º).
Segundo a analista de desenvolvimento Daniela Gomes Pinto, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolimento (Pnud) da ONU, o Brasil teve maior incremento no IDH, porém, do que os países da América do Sul melhor colocados. Segundo ela, o Brasil tem "obstáculos".
ntes da década de 90 tínhamos um sistema educacional incipiente, que não atendia. O IDH tende a melhorar mais quando a população jovem virar a população adulta", disse.
Em relação a outros países do grupo de países emergentes conhecidos como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil só perde no IDH para a Rússia, que registra 0,788 e é a 55ª colocada.
Segundo Daniela Pinto, a evolução no IDH de Índia, China e África do Sul foi melhor do que a do Brasil porque esses países estavam em patamar inferior e, portanto, registram evolução melhor. "Países de baixo IDH tiveram maior crescimento no progresso humano porque veêm de patamares baixos. Quanto mais sobe, maior é preciso o esforço para o índice crescer."
O Brasil, aponta o relatório, apresentou progresso em renda, educação e saúde nos últimos 20 anos. Segundo Daniela do Pnud, está entre os 15 países que mais reduziram a diferença, desde 1990, entre o patamar do IDH e o máximo verificado pela ONU. "Isso é fruto de fortalecimento da economia acompanhado de desenvolvimento humano", disse.
O programa de transferência de renda do Brasil, o Bolsa Família, é citado pela ONU como exemplo para o mundo para melhoria do IDH.
Metodologia
O índice, de acordo com a ONU, leva em conta três fatores: dados de saúde com base na expectativa de vida ao nascer; de educação, com informações sobre média de anos de estudo da população adulta e anos esperados de escolaridade para crianças; e renda nacional bruta, que identifica os recursos que ficaram no país.
Atualmente, mostra o relatório, o Brasil está no grupo de países com "alto desempenho" de IDH. A expectativa de vida ao nascer é de 73,8 anos, a média de escolaridade é de 7,2 anos, são esperados 14,2 anos de estudo e a renda per capita anual de US$ 10.152. A base de dados de educação é de 2005 e a de saúde e renda, de 2010.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), da ONU, destaca que, se os quatro dados utilizados fossem atualizados com informações atuais do governo brasileiro, o IDH do Brasil subiria para 0,754 - a expectativa de vida subiria para 74,1 anos, a média de estudos para 7,4, os anos esperados na escola passariam para 15,7 e a renda para US$ 11.547.
A analista de desenvolvimento do Pnud, Daniela Gomes Pinto, lembrou, porém, que se trata de um "exercício" e que o dado não pode ser comparado com o de outros países porque não foi dada oportunidade para que outras nações atualizassem seus dados. O Cazaquistão, 69º no ranking mundial de 2012, registrou IDH de 0,754.
Daniela negou que a atualização seja um contraponto às críticas do governo federal. "O objetivo do relatório é a comparação entre países. Os países têm base de dados diferentes, alguns mais atualizados que outros. Fazemos escolhas metodológicas difíceis para comparar países e dar um panorama do que acontece no mundo", explicou.