A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira uma série de metas e compromissos históricos sobre mudanças climáticas com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Os dois países acertaram que, até o ano de 2030, vão aumentar em 20% a participação de fontes renováveis em suas matrizes energéticas – sem contar a produção de hidrelétricas.De sua parte, o Brasil decidiu que vai reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas até 2030.
Dilma também disse que o governo vai trabalhar para zerar o desmatamento ilegal. O prazo para ambos objetivos é o ano de 2030. Já os Estados Unidos se comprometeram a reduzir em 28% suas emissões de gases estufa até 2025, em comparação aos níveis de 2005.
"A mudança do clima é um dos desafios centrais do século 21. E nós temos um grande objetivo que é, primeiro, assegurar na matriz energética de cada um dos países a presença de fontes renováveis", disse a presidente, em declaração à imprensa após a reunião de trabalho na Casa Branca com Barack Obama.
“É uma área essencial para nós: colaborar, também, em eficiência energética. Nós estamos comprometidos com adoção de grids inteligentes; estamos comprometidos com consumos mínimos de energia; estamos comprometidos com equipamentos e prédios eficientes”, afirmou a presidente.
“Com a redução da emissão de gases do efeito estufa, é possível impedir que a temperatura global tenha um aumento de 2º C.”“Queremos ir além das hidrelétricas e aumentar essa participação nas fontes renováveis”, afirmou Obama, ressaltando que acredita em resultados muito bons da Conferência de Paris sobre Mudança do Clima, no final deste ano.Barack Obama elogiou a liderança brasileira nas discussões climáticas e nos debates econômicos do G20 (grupo das vintes economias mais importantes do mundo). “O Brasil, nós encaramos como uma potência global, e não apenas regional [na América Latina]”, avaliou.
EXPORTAÇÕES - Em sua declaração, Dilma disse que a recuperação econômica dos Estados Unidos, após a crise global de 2008, é essencial para o restante do mundo. Segundo, os dois países podem aumentar o comércio bilateral com medidas que reduzem as barreiras sanitárias (que apontam riscos à saúde em certos produtos) e a burocracia no trâmite de exportações e importações.
“Podemos dobrar a corrente de comércio entre os dois países [soma de exportações e importações] no prazo de uma década”, avaliou Dilma.A presidente brasileira reforçou o interesse do Brasil em ter investidores dos Estados Unidos na nova etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançada no começo de junho.
Segundo ela, o governo vem fortalecendo neste ano a política macroeconômica (controle da inflação, equilíbrio das contas públicas para diminuir os riscos dos investidores que apostam em projetos no Brasil.“Contamos e agradecemos ao presidente Obama, esse empenho na presença de investidores americanos neste processo. Eu queria dizer, também, que nós temos realizado uma frutífera relação entre os governos e os empresários”, acrescentou Dilma.
Barack Obama sinalizou que os norte-americanos acompanham o programa com atenção e veem oportunidades com o programa brasileiro que prevê um investimento de R$ 198 bilhões nos próximos anos. “As empresas dos Estados Unidos terão mais condições de concorrer a essas concessões rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, gerando mais empregos”, salientou.
TECNOLOGIA - Dilma citou ainda os acordos assinados com os Estados Unidos, durante a visita oficial, nas áreas de Defesa, Educação e Tecnologia. Nesta quarta, a presidente tem uma extensa agenda na cidade de São Francisco, no estado norte-americano da Califórnia. Ela participa de reuniões na Universidade de Stanford e visita os centros de pesquisa da Nasa e da empresa Google.“Temos ambição de colocar a inovação tecnológica como um temas centrais da agenda entre os dois países”, afirmou Dilma. Nesta viagem, foi assinado, por exemplo, um acordo de cooperação em ensino técnico entre o Ministério da Educação (MEC) e o Departamento de Educação dos EUA. A presidente fez questão de lembrar que as universidades dos Estados Unidos são as que mais recebem estudantes do programa Ciência sem Fronteiras.
Brasil vai facilitar entrada nos EUA
A reunião de trabalho entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos trouxe um resultado concreto para agilizar a entrada dos turistas que viajam frequentemente para lá.
O governo brasileiro vai finalizar os trâmites para aderir ao programa Global Entry no primeiro semestre de 2016. “Os Chefes de Estado manifestaram satisfação com a decisão do Governo brasileiro de participar do Programa ‘Global Entry’. Expressaram, ademais, o compromisso de tomar as medidas necessárias para concretizar a participação do Brasil no Programa "Global Entry" até a primeira metade de 2016”, diz o comunicado oficial e conjunto.
A discussão em torno de isenção de vistos ficou para o futuro. “Os Presidentes comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para que se cumpram os requisitos tanto do Programa de Dispensa de Vistos dos Estados Unidos quanto da legislação brasileira correspondente, de modo a permitir viagens sem vistos de cidadãos brasileiros e norte-americanos entre os dois países”, afirma o comunicado
Outro acordo importante foi assinado pelos presidentes na área de previdência social. Haverá o reconhecimento das contribuições previdenciárias de brasileiros que moram nos Estados Unidos, e vice-versa. Evita-se assim uma dupla cobrança em dois sistemas de aposentadoria.“Com o rápido crescimento do comércio e dos investimentos entre os dois países, estima-se que o acordo trará uma economia de mais de 900 milhões de” dólares a empresas brasileiras e norte-americanas ao longo dos primeiros seis anos”, diz o comunicado.
"Eu confio nela completamente", disse Obama
Dois anos após revelações sobre espionagem, laços desgastados entre os dois países, o presidente Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff mostraram ao público que esse capítulo está fechado, declarando que a relação entre os EUA eo Brasil está refeita.
Os dois líderes eram só sorrisos no Salão Leste da Casa Branca. "Eu acredito no presidente Obama", disse Rousseff, referindo-se ao compromisso dos EUA para não se envolver em espionagem intrusiva em nações amigas. "Eu confio nela completamente", respondeu Obama.
Rousseff disse que as condições hoje são diferentes do que eram em 2013, observando que Obama, desde então, disse-lhe que se ele precisar de informações confidenciais sobre o Brasil, vai pegar o telefone e chamá-la diretamente. "Os países passam por crises e dificuldades. É algo natural", disse Rousseff através de um tradutor.
Com o objetivo de encerrar as dificuldades do passado, Obama e Dilma colocaram um holofote sobre áreas de crescente cooperação entre os EUA e o Brasil. Os líderes apontaram um acordo de defesa recente, bem como uma decisão dos Estados Unidos de começar a permitir importações de carne in natura de todos os 14 estados brasileiros - um pedido brasileiro de longa data.No entanto, a base de uma causa comum era um anúncio conjunto sobre as alterações climáticas, uma questão que DIlma considera "um dos desafios centrais do século 21".
O Brasil se comprometeu a reduzir o desmatamento ilegal e expandir o uso de energia renovável, uma vez que se prepara para desvendar a sua contribuição para um tratado climático global que Obama tem sido defender e líderes mundiais esperam finalizar este ano. Embora o anúncio não chegou a um compromisso de trazer para baixo a zero o desmatamento, como muitos ambientalistas queriam, o compromisso oferecido alguns dos primeiros sinais de como o Brasil pretende reduzir suas emissões de gases de efeito estufa como parte do tratado.
A nação sul-americana também prometeu restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares - uma área quase do tamanho da Inglaterra - em 2030. Cerca de três quartos das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vem da destruição da floresta amazônica, que atua como um absorvedor de carbono gigante dióxido de carbono.Tanto os EUA e Brasil anunciaram planos para aumentar a quota de fontes de eletricidade renováveis, não-hidrelétricas a 20 por cento até 2030. Isso exigirá triplicando a quantidade de energia renovável na rede elétrica dos EUA, enquanto dobrando-lo no Brasil.
A Casa Branca disse que estava contando com ganhos de regras de emissão usina controversas de Obama para cumprir a nova meta.Desde o seu início na segunda-feira com uma visita ao Memorial Martin Luther King Jr., estadia de Dilma em Washington apareceu desenhado para mostrar que os EUA eo Brasil não estavam sobrecarregados pelo retalho espionagem que atraiu manchetes e indignação dos legisladores brasileiros em 2013 e 2014. Obama encerrou elogiando o Brasil como uma potência global e chamou-lhe um "parceiro indispensável" nos esforços dos EUA para promover os seus interesses e segurança em todo o mundo.
Presidente assumiu compromisso do Brasil voltar à crescer
O Brasil vai superar os efeitos da atual crise e fará isso “com muito empenho e muita decisão”, disse a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira, em Washington.
“Nós vamos não apenas voltar a crescer, mas assegurar todas as conquistas que tivemos nos últimos 12 anos”, afirmou Dilma, em entrevista no Salão Leste da Casa Branca, ao lado do presidente Barack Obama.
A presidente disse que o fato de países passarem por crises e dificuldades não implica “em que haja qualquer diminuição do papel de um país”. Segundo ela, “um país só é de fato grande se ele é capaz de superar as dificuldades”.
“Eu saudei hoje o presidente Obama por ter superado a crise que atingiu o país em 2008/2009, e o Brasil também vai superar os efeitos dessa crise que recai agora sobre ele, e vai fazer isso com muita decisão, muito empenho”, afirmou. “Nós vamos não só voltar a crescer mas assegurar todas as conquistas que tivemos nos últimos 12 anos e, além disso, fazer com que essas conquistas se multipliquem. Nós queremos, de fato, construir um grande país de classe média. Acho que redução da desigualdade foi uma conquista, e nós temos de lutar para preservá-la.”
Os dois presidentes falaram na Casa Branca depois de anunciarem acordos e os resultados da visita de Dilma aos EUA.
OLIMPÍADA - Dilma convidou o presidente Barack Obama para vir ao Brasil durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.Ao falar sobre a retomada de relações dos dois países, Dilma destacou que “espera o presidente” no Brasil e que estende o convite ao vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.O vice-presidente americano se tornou o principal interlocutor de Dilma desde o ano passado, quando o governo brasileiro se reaproximou da Casa Branca. O convite foi direcionado a Obama e estendido a Biden, embora Dilma tenha dito saber que os dois não poderão comparecer juntos.