O Brasil foi selecionado para sediar a próxima conferência da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), agendada para o ano de 2025. Além disso, no mesmo ano, o país assumirá a presidência da entidade.
A decisão foi tomada após a apresentação da candidatura brasileira pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que esteve em Santiago, no Chile, para participar da Conferência Regional sobre Desenvolvimento Social da América Latina e Caribe, promovida pela Cepal.
Conforme relatos de assessores que estiveram com o ministro Wellington Dias durante a viagem, a candidatura do Brasil foi recebida com entusiasmo por todos os presentes na conferência e não enfrentou objeções ou concorrência. O secretário-executivo da comissão, José Manuel Salazar-Xirinachs, inclusive agradeceu pessoalmente ao ministro Dias pela oferta de sediar a conferência e assumir a presidência da Cepal em 2025.
"O Brasil esteve afastado desses debates, e agora queremos voltar a contribuir", afirma o ministro à coluna. "A nossa proposta foi aceita pelos países, e a partir de hoje estaremos já apoiando a atual presidência do Chile na mesa diretora, com a construção de propostas para que o desenvolvimento social tenha uma institucionalidade forte em toda a região", continua.
Conforme destacado pelo ministro do Desenvolvimento Social, a conferência da Cepal desempenha um papel crucial ao possibilitar a cooperação entre ministérios de países vizinhos em questões sociais.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) foi fundada em 1948, com o propósito de conduzir pesquisas e colaborar com o desenvolvimento econômico dos países da América Latina. Destacam-se entre seus principais pensadores o economista argentino Raúl Prebisch e o ex-presidente brasileiro e sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Atualmente, a presidência da Cepal está sob a liderança do Chile, o país anfitrião do encontro deste ano.
Durante seu discurso em Santiago, na terça-feira (3), durante a sessão da conferência da Cepal, o ministro Wellington Dias propôs a implementação da aliança global contra a fome e a pobreza, apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cúpula do G20, no continente e nas nações vizinhas.
O pacto poderia envolver, por exemplo, um acordo entre credores de países ricos e Estados em desenvolvimento para que o pagamento de dívidas pudesse ser revertido em investimentos nas áreas social, educacional, sustentável, da saúde e também de infraestrutura.
"Se essa aliança contra a fome e a pobreza for possível, ela deverá muito à experiência acumulada da América Latina e do Caribe no desenvolvimento social. Nossa região é um celeiro de boas ideias e de boas experiências nessas áreas, mesmo com recursos limitados", afirmou Dias.
O ministro ainda falou aos presentes sobre iniciativas de sua pasta, como o Novo Bolsa Família, o Brasil Sem Fome e o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social. Disse, ainda, que a democracia no país triunfou apesar de um "importante retrocesso político que comprometeu políticas e programas sociais estabelecidos" nos últimos anos, em referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL).