China e Brasil trabalham na criação de um protocolo bilateral para certificação e rastreabilidade de produtos agropecuários, a ação ocorre em meio ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e tem como com foco central na exportação de carne e soja para o país asiático.
A ideia visa estabelecer um mecanismo de reconhecimento entre os dois países para certificações ambientais e sistemas de rastreamento, o que permitirá que a venda de produtos brasileiros seja feita com selos de sustentabilidade, como "carne carbono neutro" e "soja de baixo carbono", reconhecidos pelas autoridades e empresas chinesas.
Entenda
Com a validação, se espera a abertura para novos tipos de acordos comerciais, facilitação de exportações, valorização de produtos e redução de barreiras não tarifárias. A carne bovina ocupa posição central nas negociações. Em 2024, a China comprou 51,3% da carne brasileira, participação que saltou para 57% em julho deste ano, antes do tarifaço americano. A soja, principal item da pauta de exportação do Brasil ao país asiático, também é foco do protocolo, com iniciativas como o Selo ABC+ e o programa Soja Plus sendo cotadas para reconhecimento bilateral.
A aposta do governo brasileiro é que a padronização e o reconhecimento desses certificados funcionem como instrumentos de integração regulatória, antecipando exigências ambientais que podem se tornar mandatórias nos próximos anos. Ainda esse ano, está prevista uma visita técnica de autoridades chinesas ao Brasil, para conhecer de perto as tecnologias e os sistemas de rastreabilidade, etapa final antes da assinatura do acordo.
próximos passos
Além do fortalecimento dos negócios entre Brasil e China, além da ampliação da cooperação com outros países dos Brics, está no centro das queixas de Donald Trump. O presidente Lula declarou estar em contato com líderes do bloco para discutir formas de enfrentar os ataques e as pressões econômicas dos Estados Unidos.
A China aprovou neste mês a habilitação de 183 novas empresas brasileiras de café para exportação, reforçando a expansão da pauta comercial bilateral. Ainda assim, segue em andamento uma investigação chinesa sobre o impacto das importações de carne bovina na indústria local, que foi prorrogada até 26 de novembro. Caso haja comprovação do prejuízo aos produtores domésticos, Pequim poderá adotar tarifas adicionais ou cotas de importação. Até lá, permanecem as mesmas regras e tarifas atualmente em vigor para o Brasil.