Na quinta-feira (03/07) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Buenos Aires, na Argentina. O evento reunirá os líderes dos países membros e associados para discutir temas prioritários do bloco, além de marcar o encerramento da presidência pro tempore da Argentina e a transferência para o Brasil.
O Brasil assume a presidência do Mercosul. Entre os compromissos frente ao bloco, está a promessa de destravar o acordo comercial com a União Europeia (UE). O próprio Lula em viagem à França na primeira semana de junho, comentou na presença do presidente francês, Emmanuel Macron, que não deixaria o cargo sem concluir o acordo com o bloco econômico. Na ocasião, o chefe do Palácio do Planalto solicitou que Macron abrisse o coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o Mercosul.
O chefe de Estado francês disse que a regulamentação entre os países é contraditória. “Como vou explicar aos agricultores [franceses] que, no momento em que eu exijo que respeitem as normas, eu abro o mercado para quem não respeita essas normas. Qual vai ser o resultado? O clima não será beneficiado, vamos matar a nossa agricultura. Essa não é a visão do presidente Lula. Temos que aprimorar o acordo, com cláusulas espelho, de salvaguarda”, afirmou Macron. Ele é um dos principais opositores ao acordo e disse haver uma discrepância na regulamentação entre os países da União Europeia e do Mercosul.
PRESIDÊNCIA DO BRASIL
Na quinta-feira (03/07) Lula participa da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Buenos Aires, na Argentina. O evento reunirá os líderes dos países membros e associados para discutir temas prioritários do bloco, além de marcar o encerramento da presidência pro tempore da Argentina e a transferência para o Brasil.
Segundo a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, o Mercosul tem um papel estratégico na política externa brasileira e na promoção do desenvolvimento regional.
“Temos a expectativa de assinar mesmo o acordo com a União Europeia, que está finalizado, passando por traduções para 27 línguas, e tem de passar pelas instâncias europeias. Vocês todos acompanharam o esforço do presidente Lula, junto ao presidente Emmanuel Macron, recentemente, e ele sempre está trabalhando para que esse acordo importantíssimo seja finalmente concluído”, disse Gisela Padovan.
A embaixadora também destacou que a atuação conjunta dos países do Mercosul fortalece a posição e amplia o protagonismo do bloco em negociações internacionais. “O Mercosul também é importante para os nossos países se posicionarem globalmente. Sozinhos, negociações com grandes blocos seriam mais fragilizadas. Juntos somos mais fortes para nos colocarmos globalmente.”
MEDIDAS
Para além dos acordos, o Brasil também pretende priorizar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum, a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco e o avanço em medidas que consolidem a união aduaneira. Também será discutida a incorporação de novos códigos na Letec (Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum).
Outras duas frentes que devem ser discutidas durante a presidência brasileira são a cooperação em segurança pública e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento regional.
De janeiro a maio de 2025, o intercâmbio entre os países do Mercosul foi de US$ 17,5 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 10,2 bilhões e as importações, US$ 7,2 bilhões, superávit de US$ 3 bilhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em sua maioria, em veículos automotores para transporte de mercadorias e de passageiros, trigo e centeio não moídos e energia elétrica.
O país exporta majoritariamente para o Mercosul veículos de passageiros e mercadorias, partes e acessórios desses veículos, demais produtos da indústria de transformação, minério de ferro, entre outros.
O que é o Mercosul?
Criado em 1991, o bloco econômico visa ser um processo de integração regional formado, inicialmente, por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de países associados. Em 2024, a Bolívia formalizou a entrada como membro pleno do bloco.