O Brasil adiou para daqui a dois meses a aplicação das retaliações comerciais contra os Estados Unidos autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O Diário Oficial da União publicou nesta quinta-feira (22) resolução que adiou o início das medidas para 21 de junho.
Em comunicado, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) afirmou que, nesse período, Brasil e Estados Unidos continuarão a negociar uma solução para evitar a retaliação. Nesta semana, o governo norte-americano assumiu o compromisso de criar um fundo de US$ 147 milhões para compensar os produtores brasileiros de algodão.
No início do mês, os Estados Unidos haviam se comprometido a reformular o programa de concessão de benefícios aos exportadores norte-americanos e acenado com a suspensão de barreiras sanitárias para as carnes suína e bovina de Santa Catarina. Enquanto as propostas são discutidas, o Brasil suspendeu a retaliação.
Depois de sete anos de disputa na OMC, o Brasil ganhou, em novembro, o direito de retaliar comercialmente os Estados Unidos por subsídios concedidos aos produtores norte-americanos de algodão. Pelos cálculos deste ano, o valor total da retaliação é de US$ 829 milhões em bens e serviços.
Com o aval da OMC, o Brasil pode reajustar as tarifas de importação de uma série de produtos dos Estados Unidos em 100 pontos percentuais. Dessa forma, um item que paga 12% de Imposto de Importação para entrar no Brasil passaria a pagar 112%. Caso não haja acordo nos próximos 60 dias, o Brasil aplicará as sanções comerciais.
Em março, a Camex liberou uma lista com 102 itens norte-americanos que serão sobretaxados, no valor de US$ 591 milhões. O governo brasileiro também editou uma medida provisória para regulamentar a retaliação cruzada, que envolve a quebra de patentes, marcas e direitos autorais no valor de US$ 238 milhões. Essa nova lista está em consulta pública.