O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser chamado para depor no caso envolvendo o hacker Walter Delgatti Neto, que admitiu ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A informação foi divulgada pela colunista Julia Dualibi, no portal g1.
O ex-presidente foi citado na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao aprovar o pedido da prisão de Delgatti feito pela PF. Na página 17 do documento, Moraes referenciou o depoimento do hacker à polícia e citou Bolsonaro: "o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica".
O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter dado origem à chamada "Vaza Jato" ao invadir telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato, foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (2). O hacker relatou em depoimento que teve uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir o sistema das urnas eletrônicas. Segundo Delgatti Neto, durante o encontro, Bolsonaro questionou se ele poderia invadir as urnas eletrônicas com o código-fonte dos equipamentos, mas o hacker afirmou que isso não avançou. A suposta reunião teria sido intermediada pela deputada federal Carla Zambelli, que também foi alvo da operação da PF.
Até o momento, não há data definida para o depoimento de Bolsonaro. Esta será a quinta vez em que ele será ouvido no âmbito de investigações policiais. A colunista do g1 cita que, caso Bolsonaro revele alguma informação importante, os dados poderão ser compartilhados com outras investigações sobre ataques ao sistema eleitoral.
Preso pela Polícia Federal (PF) o hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Neto, disse que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) lhe procurou para que ele invadisse as urnas eletrônicas ou a conta de e-mail e o telefone do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra a deputada federal no apartamento e no gabinete dela. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou apreender o passaporte da parlamentar e dinheiro e bens acima de R$ 10 mil.
De acordo com informações reveladas, Delgatti contou que a deputada bolsonarista o abordou, em setembro de 2022, num encontro entre os dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, quando as pesquisas mostravam Lula (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral, e o então chefe do Executivo e seus apoiadores levantavam acusações, sem provas, sobre a segurança e eficiência do sistema eleitoral vigente.