Uma reportagem do Estadão revelou que o governo Jair Bolsonaro adquiriu 19 toneladas de bisteca para serem entregues a indígenas no Vale do Javari, no Amazonas, mas a carne nunca chegou às comunidades. Uma das empresas contratadas para fornecer a carne congelada é especializada em venda de roupas, não tendo local adequado para armazenar e conservar a carne.
Mesmo que a carne tivesse sido entregue, não havia local adequado para armazenamento e conservação. Os contratos foram assinados entre 2020 e 2022 e ainda estão em vigor na atual gestão de Lula. Os indígenas e o comerciante responsável pela entrega confirmaram que a carne sumiu, mas a diretora de administração e gestão da Funai justificou que estava seguindo ordens de seus superiores.
Ela admitiu que parte dos alimentos chegava em condições inadequadas para consumo, mas a ordem era entregá-los. Os contratos, que totalizaram R$ 568,5 mil entre 2020 e 2022, resultaram em cestas básicas que ofereciam somente produtos secos, como arroz, farinha e sabão, para os 13.330 indígenas das etnias marubo, matís, kanamari e korubo.
Metade das compras de alimentos para terras indígenas no país, cerca de 5.500, tenham sido feitas sem licitação, sob a justificativa da pandemia de Covid-19. O dinheiro foi destinado para empresas recém-criadas e não houve comprovação de entrega completa das cestas básicas.