Diante da pressão decorrente da queda de popularidade evidenciada em pesquisas recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instou seus ministros a intensificarem suas viagens e a enfatizarem mais as conquistas do governo na divulgação. As estratégias eleitorais para as eleições municipais foram relegadas a segundo plano.
Na reunião ministerial realizada ontem, notou-se uma preocupação destacada com a comunicação digital, críticas foram direcionadas ao "uso político" da religião, e o presidente reagiu veementemente às investigações sobre uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem rotulou de "covardão". Lula alertou sobre o sério risco que o Brasil enfrentou de um golpe.
INCÔMODO NO PLANALTO: Lula convocou os membros do alto escalão e deixou claro seu desejo de vê-los percorrendo o país e concedendo entrevistas para promover ações consideradas positivas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divulgou uma série de dados que podem subsidiar os demais colegas. No Planalto, há uma preocupação evidente com o fato de que resultados como a criação de empregos e o aumento da renda do trabalho não estejam recebendo a repercussão desejada.
A REUNIÃO EM SETE PONTOS:
- Eleições municipais: Lula instruiu os ministros a priorizarem outras questões além das disputas políticas de outubro. Com 11 partidos presentes na Esplanada, o presidente enfatizou a importância de evitar que essas questões contaminem a agenda governamental. Ele também ressaltou a necessidade de mais viagens por parte dos auxiliares para promover as realizações do governo nas esferas econômica e social. Além de abordarem suas áreas específicas, os ministros devem apresentar um panorama abrangente das ações da administração.
- Foco nas entregas: O presidente do Partido dos Trabalhadores deseja ver materializados os projetos já lançados até o momento, destacando a importância de um "portfólio robusto". Ele instruiu explicitamente os ministros a evitarem o anúncio de novos programas, enfatizando: "É momento de colher os frutos do que já foi semeados e não de criar novas iniciativas."
- Bronca em Nísia: Lula solicitou à ministra da Saúde, Nísia Trindade, uma melhoria na comunicação sobre a dengue e discutiu sobre a possibilidade de mudança de liderança nos hospitais federais. Além disso, enfatizou a importância de aproveitar essa oportunidade para resolver questões de gestão nas unidades hospitalares.
- Bilhete: O vice-presidente Geraldo Alckmin enviou um bilhete para Rui Costa solicitando maior entusiasmo durante sua apresentação dos números do governo.
- Religião: Em baixo com os evangélicos, segmento alinhado a Bolsonaro, Lula fez críticas ao uso da religião como instrumento político: "manipulada da forma vil e baixa".
- 'Covardão': O presidente afirmou que não há dúvidas de que houve tentativa de golpe no Brasil e chamou Bolsonaro de "covardão": "Ficou em casa chorando (após a derrota) e preferiu fugir para os EUA" esperando o golpe acontecer.
REPERCUSSÕES NEGATIVAS: Os assessores analisam que essa abordagem poderia contribuir para equilibrar as repercussões negativas das declarações do presidente, que também impactam sua popularidade, como a comparação da ação de Israel no conflito na Faixa de Gaza com o Holocausto. A diretriz é que os ministros não se limitem a discutir apenas suas áreas específicas, mas ofereçam uma visão abrangente das ações da administração.