O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirmou nesta segunda-feira (14) que poderá avaliar a possibilidade de ingressar na política após deixar o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o magistrado, somente depois de se aposentar ele irá pensar sobre seu futuro profissional pós-Judiciário.
"Quando sair do Supremo, posso refletir sobre isso [eventual carreira política]", destacou Barbosa.
A declaração do ministro foi dada após ele ser questionado diversas vezes, durante evento que trata sobre jornalismo investigativo, sobre se considerava a hipótese de disputar um cargo eletivo.
Barbosa foi o palestrante do painel "Brasil ? Avanços e Retrocessos Institucionais", realizado na 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, organizada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), no Rio de Janeiro. O debate foi mediado pelo professor da Universidade do Texas Rosental Alves e pelo jornalista Fernando Rodrigues.
Em meio ao painel, o chefe do Judiciário também foi indagado sobre se cogitava a possibilidade de se aposentar da Suprema Corte antes de completar 70 anos, idade-limite para permanência no serviço público. Atualmente com 59 anos, o ministro admitiu que há a possibilidade de ele deixar o tribunal antes da aposentadoria compulsória.
Eleições 2014
Mesmo sempre tendo descartado ingressar na política, Joaquim Barbosa apareceu bem posicionado em recentes pesquisas eleitorais que sondaram as intenções de voto para a eleição presidencial do ano que vem. Nesta segunda, indagado por um dos mediadores do painel sobre se tinha "simpatia" por algum dos potenciais candidatos à Presidência da República, o presidente do STF criticou o atual cenário político. "O atual quadro político partidário não me agrada nem um pouco?, enfatizou.
Reforma política
Barbosa disse ainda que um dos mais prementes problemas do país é a necessidade de se promover alterações no sistema político e partidário brasileiro. Segundo ele, a reforma política ?tem sido sistematicamente ignorada?. Para o presidente do STF, a política nacional é movida por um ?combustível nada limpo, que é o dinheiro de origem duvidosa?.
Entre os pontos da legislação que deveriam ser modificados, na opinião de Barbosa, estão o voto obrigatório, a impossibilidade de candidaturas avulsas, a falta de limites de partidos políticos, e a suposta mercantilização e coronelismo da política.
Sobre o sistema judiciário, o ministro ponderou que ainda há ?lentidão e falta de compromisso? e que o bacharelado está ?decadente?. ?Está alheio à realidade da vida (...), impregnado de uma cultura jurídica complacente com a impunidade?, opinou.
Barbosa também falou no congresso organizado pela Abraji sobre a atividade jornalística e disse que, na visão dele, ?o desafio mais crucial hoje é a ausência de pluralismo?.
Ele criticou a suposta falta de oportunidades para negros na imprensa. ?Negros e mulatos perfazem 51% da população. No entanto, eles são muito raros nas redações, salas de imprensa e no noticiário televisivo, para não falar da quase completa ausência em postos de liderança?, disse. ?A consequência disso é que esse segmento se vê excluído das discussões?, ressaltou Barbosa.