Quando a ex-presidente Dilma Rousseff mencionou, em 2015, a ideia de “estocar o vento”, muitos riram — este colunista incluído. Mas, curiosamente, a previsão dela começa a se concretizar. O Complexo Eólico Tanque Novo, no Sudoeste da Bahia, pode se tornar o ponto de partida para a solução de um dos maiores desafios da indústria de energia renovável no país.
A CGN Brasil Energia e a Goldwind firmaram um acordo de cooperação para desenvolver um projeto-piloto de armazenamento de energia em baterias de grande capacidade (BESS). O sistema será instalado em uma das turbinas do complexo, com o objetivo de testar a redução de perdas na geração decorrentes das limitações da rede elétrica.
Embora ainda seja um piloto, o tema do armazenamento desponta como prioridade no setor elétrico. Há menos de um mês, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou para o início de 2026 o primeiro leilão exclusivo para baterias, com capacidade de 2 GW.
Para Rafael Valverde, diretor da Sowitec Brasil, os sistemas BESS representam uma grande oportunidade para as fontes renováveis em um “momento que exige mais flexibilidade e segurança operacional ao sistema”. Ele reforça a importância do leilão, mas destaca que ainda é necessário definir parâmetros da disputa — modelos contratuais, regras de licenciamento ambiental, estruturação financeira, garantias e aspectos regulatórios e técnicos de integração à rede.
“Estamos discutindo com representantes do governo como potencializar os recursos energéticos do estado por meio dessas soluções. No momento, estamos revisando todo o nosso portfólio e incluindo BESS nos empreendimentos”, afirma. “Independentemente do formato, temos convicção de que o BESS é uma realidade inexorável, e a Bahia, especialmente se avançar nas condições de conexão ao Sistema Interligado Nacional, pode ter papel central no desenvolvimento desses arranjos”, projeta.
Impacto do crédito para pequenos negócios
Um estudo do Itaú Empresas em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que micro e pequenas empresas que recebem apoio estratégico — como o oferecido pelo banco — têm 30% mais chances de sobreviver após cinco anos, além de crescerem de forma mais consistente e diversificada.
O levantamento também analisou o impacto direto e indireto da concessão de crédito do Itaú para esse segmento. Na Bahia, o aporte representou 0,73% do PIB estadual em 2024 e foi responsável por 1,98% dos empregos — número próximo da média nacional, de 2,60%.
De forma mais ampla, o estudo examinou a base de clientes ativos do Itaú Empresas, que atende negócios com faturamento anual médio de até R$ 60 milhões, e calculou os efeitos do crédito na economia. O resultado foi uma injeção nacional de R$ 97 bilhões ao ano no PIB, 1,2 milhão de empregos mantidos, R$ 45 bilhões em renda das famílias e R$ 31 bilhões em arrecadação tributária.
“O efeito multiplicador do crédito para pequenas e médias empresas é estimado em 1,56 — ou seja, cada R$ 1 concedido pelo Itaú Empresas gera R$ 1,56 em PIB”, explica Daniel da Mata, professor da FGV responsável pela pesquisa.
Carbono zero
O arquiteto Walter Schimmelpfeng, da Andrade Schimmelpfeng, investiu cerca de R$ 2,5 milhões na requalificação da Casa 11, concebida para ser a primeira residência unifamiliar carbono neutro do país. Localizada entre Brotas e o Horto, a casa combina design contemporâneo e responsabilidade ambiental.
Cada detalhe foi planejado para reduzir impactos e regenerar o entorno: energia proveniente de fontes renováveis, reuso inteligente da água da chuva, iluminação de baixo consumo e paisagismo funcional capaz de fortalecer o ecossistema local.
Um dos elementos mais simbólicos é a porta principal, feita de plástico reciclado — equivalente ao consumo médio anual de uma pessoa. Mais do que estética, trata-se de uma declaração ética sobre o futuro da arquitetura e da vida urbana.
Gente
O Tecon Salvador, do grupo Wilson Sons, discutirá o papel das pessoas no setor de transportes durante o XII Seminário de Logística, que será realizado nesta quinta-feira (dia 6), com o tema “Gente que move o Brasil: desenvolver talentos, impulsionar oportunidades”.
O encontro, voltado para convidados e sediado no Trapiche Barnabé, contará com a participação de Gustavo Coimbra (LHH Recruitment Solutions), Isa Castro (Kordsa), Rodolpho Abrantes (Wilson Sons) e do jornalista Donaldson Gomes, editor do Correio, que atuará como mediador.