Áudios e vídeo inéditos revelam atuação golpista do hacker nos bastidores

As conversas expostas apontam uma ligação além da profissional entre Delgatti Neto e Carla Zambelli

Hacker Walter Delgatti Neto | Wilton Junior
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Em destaque na arena política, o programador Walter Delgatti Neto, reconhecido como o hacker por trás das revelações da série de vazamentos conhecida como "Vaza Jato", recentemente atraiu a atenção do público e das autoridades ao fazer declarações durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Golpistas do 8 de janeiro, na semana passada. Sua eloquência e revelações tão marcantes, que surpreenderam amigos, advogados e até mesmo agentes policiais que já o interrogaram, culminaram na convocação de um novo depoimento pela Polícia Federal (PF), que ocorreu na última sexta-feira (18).

Delgatti, frequentemente apelidado de "falastrão" por aqueles que o cercam, não deixou espaço para a tranquilidade das autoridades. Seu depoimento suscitou a necessidade de mais informações, pois, além das palavras já conhecidas, o hacker trouxe à tona detalhes ainda não explorados sobre um suposto plano de abalar a confiabilidade das urnas eletrônicas.

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Esta intrincada trama teria obtido apoio de figuras proeminentes, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de envolver o Ministério da Defesa e até mesmo um suposto grampo telefônico envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e membro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao investigar mais profundamente, jornalistas do Metrópoles tiveram acesso ao material exclusivo que lança luz sobre os bastidores dessa narrativa. O conteúdo dessas conversas privadas, compartilhado entre Delgatti e conhecidos, foi capturado durante a execução do que se acredita ser o plano golpista em questão, um período que abrangeu os meses de agosto e setembro do ano anterior.

Essas revelações não estão em posse nem da PF nem da CPI, pois as conversas ocorreram enquanto o plano estava em andamento. É importante ressaltar que o teor dessas conversas foi contextualizado e editado pela reportagem a fim de salvaguardar a confidencialidade da fonte.

Detalhes da trama

Em uma dessas conversas, datada do mês de agosto, Delgatti fornece um vislumbre dos elementos centrais do plano. Ele antecipa uma estratégia envolvendo manipulação do código-fonte das urnas para influenciar os resultados eleitorais. De acordo com suas palavras, a intenção era forçar o TSE a permitir a fiscalização das urnas por membros das Forças Armadas, uma medida que, segundo Delgatti, abriria espaço para contestar a eventual vitória do candidato opositor Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa articulação, conforme seus relatos, foi discutida previamente à reunião com Bolsonaro, ocorrida um dia antes do encontro com o ex-presidente.

A trama, conforme as revelações de Delgatti, parece ter sido elaborada com a intenção de favorecer Bolsonaro, evidenciada por sua declaração de que o presidente tinha interesse direto na empreitada. Essa suposta colaboração entre o hacker e Bolsonaro se estendeu a múltiplas reuniões, como Delgatti insinuou, com o ex-presidente agindo como protagonista do esforço. A narrativa ganha complexidade com a afirmação de que o próprio Bolsonaro teria ordenado que Delgatti se envolvesse, desconsiderando os riscos associados.

O diálogo entre o programador e seus interlocutores sugere que, diferentemente da relação estreita que ele mantinha com Bolsonaro, as interações com o campo oposto eram limitadas. Delgatti ironiza a falta de interação com a equipe de Lula, enfatizando sua inclinação política de direita e suas afinidades com a posse de armas.

Relação com Zambelli

A relação entre Delgatti e a deputada Carla Zambelli também emerge na investigação. As evidências apontam para uma proximidade que ultrapassa a esfera profissional. Enquanto a defesa de Zambelli argumenta que a relação se baseia em um projeto de trabalho voltado para a gestão das redes sociais da política, as conversas reveladas sugerem uma conexão quase familiar, segundo as palavras do próprio hacker.

Uma peça fundamental nessa trama veio à tona recentemente, com um áudio entregue à PF pela defesa de Delgatti. A mensagem, supostamente ligada à campanha da deputada, menciona um "pagamento" e uma "proposta" do programador. No entanto, o contexto exato e a natureza dessas referências permanecem obscurecidos. A defesa de Zambelli nega qualquer irregularidade, insistindo que todas as interações tinham relação com o projeto de gestão das redes sociais.

As alegações de Delgatti enfrentam desafios de credibilidade, à medida que sua versão dos eventos continua a evoluir. A defesa de Zambelli rejeita enfaticamente as acusações e sugere que as mudanças constantes em suas narrativas corroem sua confiabilidade. Enquanto a investigação prossegue, a verdadeira extensão dessa intriga política começa a se desenrolar, revelando camadas complexas de interações e motivações.

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