O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda deve deixar a sala em que está preso na superintendência da Polícia Federal, em Brasília, ainda nesta segunda-feira. Segundo o advogado Nélio Machado, depois da libertação, a prioridade de Arruda será "reorganizar sua existência".
Os ministros do Superior Tribunal de Justiça decidiram pela revogação da prisão preventiva do ex-governador. A prisão foi decretada há dois meses pelo próprio STJ, por tentativa de suborno contra testemunha do inquérito que investiga o suposto esquema de pagamento de propina no DF.
"Há um procedimento burocrático, rotineiro e a própria Corte se ocupa disso. Vou determinar que um colega do escritório que acompanhe as marchas e demarchas. Mas ele será posto em liberdade hoje, sem dúvida nenhuma, até o fim do dia", disse o advogado Nélio Machado, um dos defensores de Arruda.
De acordo com a Polícia Federal, depois de recebida a comunicação da decisão do STJ, Arruda terá de ser submetido a um exame de corpo de delito, que poderá ser feito pelos médicos da própria PF. A informação é que, apesar de o horário de expediente da polícia terminar às 18h, esse tipo de procedimento de soltura pode ocorrer em qualquer horário do dia ou da noite.
"Uma das prioridades é cuidar da libertação do governador. Depois ele volta a casa dele, vai respirar, vai rever a filha, reencontrar a família e reogarnizar sua existência", disse o advogado.
"A vida pública, nesse momento, interessa muito menos. Ele quer o retorno da sua paz, da sua saúde, que perdeu no cárcere, ele quer voltar à sua família e não há nenhuma cogitação política por parte do governador até porque ele abdicou de recorrer da decisão do Tribunal Regional Eleitoral", afirmou Nélio Machado, referindo-se à cassação de mandato decidida pelo TRE-DF.
"Aos poucos nós vamos demonstrar que a acusação é oca e se origina de pessoas que não têm nenhuma credibilidade. Nós preferimos e ele também, termos sossego e tranquilidade para enfrentar, com muita confiança na Justiça do nosso País as acusações que possam surgir além das que já foram apresentadas. Espero que a Justiça seja capaz de separar o joio do trigo, o vidro do cristal", afirmou.
Entenda o caso
O mensalão do governo do DF, cujos vídeos foram divulgados no final do ano passado, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados".
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.