O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou nesta quarta-feira (27) sobre a polêmica gerada por comentários do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, a respeito da carne sul-americana.
Lula reiterou seu apoio à conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, uma negociação que está em andamento há décadas. Ele afirmou que os franceses, que são os principais opositores do acordo do lado europeu, "não têm mais voz" no processo.
"Eu quero que o agronegócio continue crescendo e incomodando deputados franceses que, hoje, criticaram os produtos brasileiros. O objetivo de fazer o acordo do Mercosul não é apenas financeiro, mas sim por uma questão de compromisso. Estou há 22 anos nesse processo e vamos concluir", declarou Lula.
Ele também afirmou que, caso os franceses não queiram o acordo, "eles não têm mais poder de decisão. Quem decide agora é a Comissão Europeia, e Ursula von der Leyen tem mandato para assinar esse acordo, e eu pretendo assiná-lo ainda este ano, para tirar isso da minha agenda", disse o presidente.
A controvérsia envolvendo o Carrefour tem gerado mobilização política na França. Deputados franceses criticaram, especialmente, a carne do Mercosul, com ênfase na brasileira, durante uma sessão da Assembleia Nacional na terça-feira (26), que rejeitou simbolicamente o acordo entre os blocos europeu e sul-americano. O deputado Vincent Trébuchet (UDR) afirmou: "A realidade é que nossos agricultores não querem morrer, e nossos pratos não são latas de lixo".
Apesar da mobilização na França, que conta com o apoio do presidente Emmanuel Macron, o governo brasileiro acredita que será possível realizar os ajustes finais do acordo entre o Mercosul e a União Europeia em dezembro. A próxima reunião do bloco sul-americano ocorrerá no dia 6 de dezembro no Uruguai.