Após escândalo nos Transportes, PR cogita deixar base aliada

No Palácio do Planalto, há um temor em relação ao depoimento do diretor-geral do Dnit.

O ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. | Reprodução Web
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O PR pode caminhar para a oposição depois que a presidente Dilma Rousseff afastou a cúpula do Ministério dos Transportes por denúncias de fraudes, que culminaram na renúncia do ex-ministro Alfredo Nascimento.

Segundo um parlamentar do PR, que pediu para não ser identificado, há um movimento interno, capitaneado pelo presidente de honra do partido, o deputado Valdemar da Costa Neto (SP), para deixar a base de sustentação do governo.

O parlamentar afirmou hoje que levaria essas informações ao governo, pois o movimento não tem o apoio integral de todos os membros e afirmou que aconselhará a presidente Dilma Rousseff a apostar na divisão interna do PR.

"Eu acho que ela deve nomear o novo ministro, escolhendo dentro dos quadros do partido o que mais lhe convier. E deve apostar nessa divisão interna, porque nem todos estão com o Valdemar", afirmou.

Alguns parlamentares do partido ficaram irritados com a decisão de Dilma de afastar imediatamente os envolvidos na denúncia de que haveria um esquema de propinas nos projetos da área de transportes. O esquema renderia aos cofres do PR até 5% dos contratos do setor, segundo a denúncia publicada pela revista "Veja".

A reação rápida da presidente, sem consultar previamente o partido, deixou sequelas na relação com a base aliada, em especial no PR.

O PR quer ser ouvido pela presidente antes que ela decida quem chefiará o Ministério dos Transportes, que interinamente está sendo comandando por Paulo Sérgio Passos, filiado ao partido, mas sem apoio político para continuar.

"O que acontece é que o Valdemar já notou que não poderá manter o acerto que fez com alguns parlamentares e, por isso, acredita que será melhor migrar para a oposição. Acho que ele tem uns 20 parlamentares sob seu controle", avaliou essa fonte. O PR tem 40 deputados e 6 senadores.

O líder da bancada na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse que desconhece esse movimento e que esse assunto ainda não está sendo discutido na cúpula do partido. "Que eu saiba não tem isso de sair da base", afirmou.

No Palácio do Planalto, há um temor em relação ao depoimento do diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes), Luís Antônio Pagot, no Congresso na terça-feira. Ele poderia estar magoado com a forma que foi afastado do governo e poderia tentar envolver outros membros do Executivo em novas denúncias.

Para arrefecer um pouco a indignação de parte do PR e de Pagot, Dilma chegou a convidar o senador Blairo Maggi (PR-MT) para suceder Nascimento. O ex-governador, no entanto, decidiu não aceitar a proposta por ver impedimentos legais para assumir o posto, uma vez que suas empresas têm contratos com o governo e no setor de transportes. Maggi é o padrinho político de Pagot.

Até o final da semana passada, Dilma estava pouco disposta a negociar com o PR a escolha do futuro ministro dos Transportes. Com essa possibilidade de perder parte do seu apoio no Congresso, a presidente pode se inclinar e discutir a sucessão com o aliado.

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