O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) deve suspender sua candidatura de reeleição para se dedicar a sua defesa. De acordo com o secretário-geral do PMDB, Carlos Alberto Muniz, Bethlem está mobilizado em conversar com os apoiadores de sua campanha para, depois, comunicar publicamente sua decisão de desistir da disputa. O ex-secretário de Desenvolvimento Social do Rio é suspeito de envolvimento em esquema de corrupção e recebimento de propina durante sua gestão.
- Ele vai se concentrar em esclarecer essa questão e vai suspender a campanha dele - afirmou Muniz, que conversou com Bethlem por telefone e disse ter sentido o peemedebista muito triste e abatido.
Segundo Muniz, o PMDB não está cobrando a saída de Bethlem da disputa nem publicamente e nem internamente:
- Ele não foi condenado a nada. Ele está sofrendo uma contestação.
Muniz declarou ao GLOBO que seria inadmissível colocar a faca no pescoço de Bethlem para que ele tome logo uma decisão e que não há nada na trajetória do ex-secretário que o desabone dentro do partido. Afirmou ainda que o PMDB não vai expulsar Bethlem.
- O partido analisou e não viu qualquer razão para tomar qualquer posição (contra Bethlem). Se ele quiser ser candidato, ele será candidato. Se não quiser, é uma decisão dele - declarou o secretário-geral do PMDB.
Num intervalo de uma semana, a prefeitura deu dois pareceres diferentes sobre as contas da ONG Casa Espírita Tesloo, suspeita de dar uma espécie de mesada ao deputado Rodrigo Bethlem durante sua passagem pela Secretaria municipal de Desenvolvimento Social, entre 2010 e 2012. Na semana passada, antes de serem divulgadas as gravações que levantam suspeitas sobre pagamentos feitos pela entidade ao ex-secretário, o município aprovou parte da prestação de contas de um convênio da ONG no valor total R$ 735,3 mil. Mas nesta terça-feira, depois de as denúncias da ex-mulher de Bethlem, Vanessa Felippe, terem vindo à tona, o Diário Oficial do Município mudou o que havia sido publicado antes. Na nova edição, concluiu que a Tesloo não está quite: tem que devolver R$ 185,4 mil aos cofres públicos por serviços relativos a três meses de 2010, que não teriam sido prestados a contento. Depois de quatro anos fazendo a análise das contas, a prefeitura voltou atrás apenas cinco dias após concluir o trabalho.
Um dos casos aconteceu no período de Bethlem à frente da pasta: um convênio de cogestão de unidades sociais na Zona Oeste. Na última quinta-feira, dia 24, foi publicado um despacho no Diário Oficial dando aval para R$ 178 mil pagos à ONG em dezembro de 2010. Ontem, a coisa mudou: só as contas relativas a R$ 113,3 mil foram aprovadas e a Tesloo terá que devolver a diferença, de R$ 64,7 mil.