O ex-diretor da área Internacional da Petrobrasx Nestor Cerveró, que estava detido desde 2015 pela Lava Jato, deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) por volta das 8h40 desta sexta-feira (24) e passa a cumprir a pena em casa.
O benefício de prisão domiciliar foi obtido graças ao acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), e homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
O advogado Igor Arthur Rayzel disse que Cerveró está aliviado com o novo regime prisional, mas que tem consciência que a progressão não significa a liberdade. "Ele está muito tranquilo e, apesar disso, as colaborações continuam e os processos também", relatou Rayzel.
Cerveró, conforme o advogado, terá que cumprir regras para não perder o benefício como sair de casa somente em casos de emergências médicas e audiências na Justiça, e não deixar o país. Durante o período, que deve durar cerca de um ano e meio, ele será monitorado por uma tornozeleira eletrônica. O equipamento foi instalado na quinta-feira (23).
Da carceragem da PF, o ex-diretor seguiu para o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. De lá, ele seguirá em um voo comercial para a casa da família, em Itaipava, no Rio de Janeiro. No avião e na chegada ao Aeroporto do Galeão, Cerveró será escoltado pela PF.
Cerveró já foi condenado pela Lava Jato em duas ações penais a 27 anos e quatro meses de prisão e responde por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Contudo, por conta da delaçao, ele poderá cumprir no máximo 25 anos. O ex-diretor é reú em outros dois processos.
O acordo de delação prevê que o ex-diretor devolva mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos em razão dos crimes cuja autoria assumiu durante as investigações da Lava Jato.
De acordo com a Polícia Federal (PF) e com o MPF, Cerveró, na condição de diretor Internacional da Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude, corrupção e desvio de dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de diferentes contratos da Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A deleção dele foi homologada após a divulgação de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o filho de Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária convertida para preventiva.
Proximidade com políticos
Cerveró declarou no depoimentos de delação, em dezembro de 2015, que mantinha proximidade com Delcídio desde quando o senador trabalhava na Petrobras. Durante o governo de Fernando Henrique Cardosox, Delcídio chegou a ocupar a diretoria de Gás e Energia.
Segundo o delator, o senador recebeu propina em pelo menos dois contratos firmados entre multinacionais e a estatal brasileira.
O ex-diretor da Petrobras disse que em uma das oportunidades recebeu entre US$ 600 mil e US$ 700 mil de propina. Ele acredita que Delcídio tenha recebido uma propina maior, já que era superior hierárquico na diretoria de Gás e Energia.
A proximidade entre os dois permaneceu com a eleição de Delcídio para o Senado e com a ascensão de Lula à presidência. Segundo Cerveró, em 2006 o senador o procurou para lhe ajudar a angariar US$ 2,5 milhões de propina. O valor seria usado para a campanha de Delcídio o governo de Mato Grosso do Sulx.
No dia do depoimento, a defesa do senador Delcídio Amaral preferiu não se manifestar sobre o assunto.