A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), disse não acreditar que os votos da candidata derrotada no primeiro turno Marina Silva (PSB) serão automaticamente transferidos para o candidato do PSDB, Aécio Neves.
"Não acredito que haja uma transferência automática para ninguém", disse Dilma em entrevista coletiva realizada neste domingo (12) em São Paulo.
Hoje, Marina declarou apoio formal a Aécio no segundo turno. Em São Paulo, Dilma negou que a coordenação de sua campanha tenha falhado ao tentar atrair Marina para a sua candidatura, como o ministro-chefe da Secretaria da Presidência, Gilberto Carvalho, havia dito que o PT faria, no último domingo (5). "Nós não falhamos. Eles é que tinham outro alinhamento", disse Dilma, que aparece numericamente atrás de Aécio nas últimas pesquisa.
Minimizando o impacto do anúncio feito por Marina, Dilma voltou a dizer que 'voto não tem dono'. "Voto não tem dono. Voto é de quem vai lá e registra. Voto não é propriedade nem minha e nem de qualquer outro candidato. É uma temeridade dizer que vai ter ou não vai ter [transferência]", disse. Dilma declarou ainda ser compreensível que Marina apoiasse Aécio em razão do que ela chamou de proximidade que a ex-senadora tem com o programa econômico do tucano.
"Eu acho que esse anúncio, essa opção é compreensível porque a proximidade maior que ela tem é com o programa econômico do Aécio. E (ela) tem menos proximidade, de fato, com programa social do meu governo e com o governo do presidente Lula", disse.
O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e coordenador da campanha de Dilma à reeleição, Miguel Rosetto, minimizou o impacto do anúncio feito por Marina e disse acreditar que a maioria dos votos da candidata migrará para a candidatura de Dilma à reeleição. "Acho que a maioria dos votos virá para a gente. O eleitor da Marina não se identifica com as propostas conservadoras do Aécio. É um voto muito mais alinhado com o nosso projeto do que com o deles".
Pesquisa divulgada pelo Ibope após o primeiro turno mostra que 64% dos entrevistados que disseram ter votado em Marina no primeiro turno irão votar em Aécio no segundo. Dilma herdaria 18% dos votos de Marina, segundo a pesquisa.
O Datafolha detectou números semelhantes: 66% dos votos de Marina iriam para Aécio Neves e 18% para Dilma.
Críticas a Aécio Neves
Dilma, que foi a em Guaianases (zona leste de São Paulo) para assinar a carta de compromissos "Presidente Amiga da Criança", da Fundação Abrinq, aproveitou a oportunidade para criticar o desempenho de Aécio como governador de Minas Gerais (2003-2010) em relação às taxas de mortalidade infantil.
Dilma disse que, enquanto a taxa média da mortalidade infantil brasileira caiu 33,1%, em Minas Gerais, a redução foi de 19%. "O pior desempenho foi em Minas Gerais, o que não estranha por conta daquela observação do Tribunal de Contas que dizia que o governo de Minas não gastava o mínimo constitucional", disse Dilma referindo-se a um termo de ajustamento de gestão firmado entre o TCE-MG e o governo de Minas Gerais. Segundo Dilma, o TCE-MG detectou que o governo de Minas teria deixado de investir aproximadamente R$ 7,6 bilhões em Educação no período em que os tucanos governaram o Estado. "É importante registrar isso por mostra bem a qualidade do choque de gestão feito em Minas Gerais", disse.