O Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, informou, neste sábado (4), que o presidente nacional do PTB, o advogado Roberto Jefferson, de 59 anos, receberá alta médica às 10h30 deste domingo (5).
Segundo o boletim, o médico José de Ribamar Saboia de Azevedo avaliou o paciente, que "encontra-se em condições clínicas favoráveis para receber alta".
De acordo com o boletim divulgado na tarde desta quinta-feira (2), Jefferson está lúcido, respira sem a ajuda de aparelhos e tem os sinais vitais mantidos. Todas as medicações já foram suspensas, inclusive as venosas. O paciente se alimenta por sonda intestinal e via oral.
De acordo com informações do hospital, o oncologista Daniel Tabak dará início ao tratamento do tumor daqui a quatro ou cinco semanas, através de quimioterapia, com medicação que será aplicada de forma intravenosa. A previsão é de que o tratamento dure seis meses.
Roberto Jefferson foi liberado pelos médicos para acompanhar o julgamento do mensalão de dentro do hospital. O cirurgião disse também que o tumor maligno do deputado tem 1,4 centímetros, mas dentro de uma lesão benigna.
De acordo com o cirurgião Alexandre Prado, todos os fatores prognósticos do deputado são favoráveis. "É um tumor menos agressivo e menos usual também. 60% dos pacientes que tem este tipo de câncer e tem acompanhamento medico ficam bem. Essa questão de perspectiva de vida é relativo uma vez que ele esta com um prognostico é bom", explicou.
Segundo os médicos, nos últimos dois anos o presidente do PTB perdeu 20 quilos. Roberto Jefferson, que estava com 104/106kg em 2010, atualmente pesa 82kg. A previsão é que Roberto Jefferson comece o tratamento de quimioterapia venosa cinco dias após a alta médica.
"O tratamento será semanal e acontecerá inicialmente durante os seis primeiros meses", completou Prado.
Câncer de pâncreas
De acordo com o médico oncologista Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o tumor detectado em Roberto Jefferson é o estágio 1 do câncer de pâncreas, em uma escala de 0 a 4. Macedo afirma que o tumor papilar mucinoso ductal é ?extremamente frequente, com uma porcentagem alta de cura quando detectado na fase inicial?.
Especializado em cirurgia no pâncreas, vias biliares e fígado no Albert Einstein, Macedo explica que há casos de pessoas que foram operadas deste tipo de câncer há mais de 20 anos. ?O procedimento cirúrgico tem mortalidade de 2% e as pessoas que passam por ele recebem alta perto do oitavo ou nono dia de internação?, explica.
O oncologista disse ainda que, em alguns casos, não há necessidade de reforçar o tratamento com sessões de quimioterapia. ?Basta cirurgia e acompanhamento clínico, se o câncer não tiver afetado os gânglios [linfonodos] ou causado metástase?.
Cirurgia
No sábado (28), Roberto Jefferson foi submetido à cirurgia de gastroduodenopancreatectomia cefálica (retirada de parte do estômago, parte do pâncreas, duodeno e parte do canal biliar). Além disso, os médicos retiraram os lifonodos regionais (gânglios linfáticos). O boletim divulgado após a cirurgia que durou oito horas, informava que não havia sinais de que o tumor seria maligno. No entanto, os médicos ressaltaram que seria necessário aguardar o resultado definitivo.
Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão no Congresso Nacional, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao Hospital Samaritano por volta das 8h de quinta-feira (26). Na sexta-feira (27), o político passou por procedimentos pré-operatórios, como cuidados com alimentação e exames clínicos.
Réu no mensalão
Jefferson é um dos 38 réus do julgamento do mensalão programado para ter início no dia 2 de agosto, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por, supostamente, ter recebido R$ 4 milhões do chamado ?valerioduto?, que, segundo a denúncia, era operado por Marcos Valério e abastecia parlamentares aliados ao governo.
Em 2005, em entrevista ao jornal ?Folha de S.Paulo?, Jefferson relatou o ?modus operandi? do mensalão, detonando o maior escândalo político do governo Lula (2003-2010).
Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do ex-deputado, cassado em 2005, pretende sustentar diante dos 11 ministros do STF que, mesmo que Lula não tivesse conhecimento sobre o suposto pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político no Congresso, ele deveria ter sido responsabilizado criminalmente pela existência do mensalão.