O coordenador da área jurídica do PT, Marco Aurélio Carvalho, informou nesta sexta-feira (31) que foi realizado o pagamento da multa de R$ 466,8 mil imposta ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do processo do mensalão.
O pagamento foi feito por meio de uma Guia de Recolhimento da União (GRU), como determina a Justiça. A Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, no entanto, afirmou que a defesa ainda não apresentou o comprovante de depósito do valor. O prazo para quitação dos valores vence nesta sexta.
Por meio de um site criado pela família, Delúbio Soares arrecadou R$ 500 mil a mais do que o valor da multa. Em um dia, foram quase R$ 600 mil arrecadados.
Preso em novembro, Delúbio cumpre pena de 6 anos e 8 meses por corrupção ativa em regime semiaberto em Brasília. Obteve autorização para trabalhar na CUT durante o dia e começou no novo emprego no dia 20 de janeiro, com salário de R$ 4,5 mil. Além de corrupção, também foi condenado por formação de quadrilha, mas aguarda julgamento de recurso no STF que pode reverter a pena de mais 2 anos e 3 meses.
Marco Aurélio Carvalho informou que, com valor excedente, será realizado o pagamento de impostos que incidirem sobre os valores doados. O que sobrar será repassado para o próximo petista que for intimado pela Justiça a pagar a multa do mensalão. "Provavelmente será o José Dirceu", disse o advogado. O deputado federal João Paulo Cunha, também condenado no mensalão, aguarda expedição do mandado de prisão.
Condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, Dirceu terá que pagar 260 dias-multa no valor de 10 salários mínimos (no montante vigente à época do crime, de R$ 260), o que dá ao menos R$ 676 mil. O valor ainda vai aumentar porque será atualizado com base na inflação quando a VEP do Distrito Federal intimar o petista, o que ainda não ocorreu.
O pagamento da multa de condenados vai para o Fundo Penitenciário Nacional, usado para melhorias nas condições dos presídios.
Marco Aurélio Carvalho atribuiu o volume da arrecadação à militância do PT e ao presidente do STF, Joaquim Barbosa. Segundo ele, a declaração de Barbosa de que condenados do mensalão deveriam permanecer no "ostracismo", dada na Europa, revoltou os petistas.
"Foram dois grandes responsáveis: o militante do PT, que tem um valor intrínseco enraizado, o valor da solidariedade. Por isso um chama o outro de companheiro. Nossa direção nacional e estadual tiveram papel importante porque conclamaram a militância. O segundo fator, temos que agradecer a Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, que insuflou a militância que deu uma resposta rápida à declaração sobre o ostracismo. Nenhum deles (petistas condenados pelo STF) estará no ostracismo porque eles são condenados políticos", disse Marco Aurélio Carvalho.