Difícil quem nunca tenha ouvido falar no nome de Eduardo Suplicy. Carismático, acessível, defensor incansável da Renda Básica de Cidadania e cantor inveterado da música Blowin’ in the Wind, de Bob Dylan, ele é praticamente uma instituição no meio político em todo o país.
Eduardo Suplicy tem uma maneira de viver e de fazer política toda própria, algo que nenhum político jamais conseguirá copiar. Por ser autêntico e saber improvisar como ninguém, criou um “jeito Suplicy de ser”. Se este já era o sentimento das pessoas que o conhecem em seus 43 anos de vida pública, o conjunto de histórias retratadas em “Um jeito de fazer política”, primeiro capítulo de sua autobiografia, reforçam a percepção.
Em 2021, Suplicy completou 80 anos, o que o animou a narrar suas experiências desde a infância, adolescência e ao longo da sua carreira. Na obra Suplicy conta, com inteligência e leveza, diversos episódios que marcaram sua vida, como seu envolvimento com o grupo de Rap Racionais MC’s, sua amizade com Mano Brown, seu deslumbramento pela cantora de protestos Joan Baez e como conheceu e ajudou Anderson Herzer, a primeira pessoa trans no Brasil a escrever uma autobiografia.
Histórias
Também conta em detalhes sua participação no caso da tragédia do Pinheirinho, em São José dos Campos, sua aproximação com os índios Yanomâmi e sobre seu papel de articulador entre Sílvio Santos e Zé Celso Martinez para que o empresário não descaracterize a região com um empreendimento imobiliário vultoso.
“Avalio que é uma boa hora de fazer uma reflexão sobre tudo o que tem acontecido, relatar um bocado de minha experiência, inclusive para estimular os mais jovens”, conta Suplicy.
Com 272 páginas e 101 fotos, muitas delas inéditas, a obra também aborda a intensa luta de Suplicy pela defesa dos Direitos Humanos e contra a desigualdade, marcados por episódios como o dia em que dormiu na Casa de Detenção para evitar novo massacre de presos. Era a primeira grande rebelião organizada pelo PCC no Estado de São Paulo.
Pré-venda
A autobiografia, que já está em pré-venda pela Editora Contracorrente, tem a colaboração da jornalista Mônica Dallari. Amiga de Suplicy de longa data, ela é a responsável pelo projeto, pesquisa e texto final da obra, com edição do jornalista Jorge Félix.
“A intenção do livro era ilustrar com histórias o jeito de fazer política de Eduardo Suplicy, com ética e honestidade, sempre no interesse público, da coletividade. Para os jovens, diante do caos atual, espero que o livro sirva de inspiração, seja uma luz de otimismo no fim desse túnel sombrio. Quem iria acreditar que a ideia da Renda Básica, dita e repetida incansavelmente milhões de vezes pelo Suplicy nos últimos 30 anos, hoje se tornaria uma realidade no mundo? Ao completar 80 anos de vida, Eduardo Suplicy, com o seu jeito de fazer política, nos deixa como ensinamento que vale a pena insistir e persistir nos nossos sonhos”, escreve Mônica na apresentação do livro.
Como jornalista político, Jorge Félix acompanhou Suplicy por mais de três décadas. E sempre se impressionou com o jeito dele de fazer política “que encanta eleitores, desconforta críticos e desnorteia adversários”. E continua: “Engana-se quem pensa que ele faz tudo para isso. Jamais. As histórias desse livro são as provas de uma trajetória sempre direcionada ao coletivo”, escreve no texto da orelha do livro.
Mano Brown e Leonardo Boff
O rapper Mano Brown e o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff escreveram os prefácios do livro. Com sua linguagem sempre impactante, Brown descreve o respeito que Suplicy conquistou nas periferias.
“É talvez um dos únicos – talvez exista mais uma ou duas pessoas – com o nível de respeito que o Eduardo Suplicy tem na periferia, entre os jovens, entre os negros, entre a rapaziada da arte, entre os caras de mente, de vanguarda do rap. Vários setores da periferia, não só da música, entendem que o Eduardo Suplicy é um cara certo. No Brasil, quando você tem o rótulo de ser certo, não é pouca coisa”.
Leonardo Boff destaca a opção de Suplicy pela defesa dos mais vulneráveis. “Eduardo Suplicy nunca fez da política uma profissão, mas uma missão de serviço ao bem comum, a opção clara para com os mais destituídos e para com os movimentos sociais das cidades e do campo. Não só apoiou os empobrecidos, os catadores de materiais recicláveis, o Movimento dos Sem-terra e Sem-teto, os movimentos negros e indígenas e as lutas das mulheres por mais dignidade e participação bem como os LGBTQIA+ a partir de um burocrático gabinete de senador em Brasília, mas estando fisicamente presente em quase todos esses grupos”.