A presidente Dilma Rousseff discursou, nesta terça-feira (20), durante a cerimônia de lançamento da ?Parceria para Governo Aberto? - projeto de iniciativa dos governos norte-americano e brasileiro que tem como mote transparência orçamentária e direito a acesso a informações públicas.
Acompanhada do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a uma plateia de chefes de Estado a presidente citou como exemplos de transparência no Brasil a proposta de criação do fim do sigilo eterno dos documentos públicos, que hoje tramita no Congresso.
?Encontra-se em discussão no Congresso Nacional um projeto de lei destinado a regulamentar o acesso às informações públicas, com regras transparentes e prazos menores para o sigilo de documentos?, disse a presidente.
Segundo Dilma, o Brasil ?avançou muito? no compromisso de garantir transparência à gestão pública. Em seu discurso, também comentou projetos do governo federal de acesso atualizado a dados sobre orçamento como ferramenta anticorrupção. ?Não se trata apenas de garantir acesso individual à execução do Orçamento do Estado ou acompanhamento da lisura e racionalidade da ação dos agentes públicos. Trata-se também de assegurar a prestação de contas, a fiscalização e a participação dos cidadãos, criando uma relação de mão dupla permanente entre o governo e a sociedade?, afirmou.
Dilma reafirmou, no discurso, que o atual governo não tem ?compromisso com o malfeito?. ?Fui muito clara desde o discurso de posse em janeiro quando afirmei que meu governo não terá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito.?
A presidente citou a realização no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de consultas públicas sobre projetos do governo. ?Recorremos às consultas públicas para a preparação de planos e programas de governo, entre os quais o Plano Plurianual 2012/2015 e as propostas para a Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que o Brasil terá honra de sediar.?
De acordo com Dilma, o Brasil conta um ?elevado grau de transparência? que permite ?identificar e corrigir com eficiência cada vez maior os problemas de gestão quando ocorrem?. Ela citou a imprensa e órgãos brasileiros de controle e investigação.
?Contamos com o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União (CGU), dedicado a promover a transparência e a prevenir e combater a corrupção. Temos ainda a atuação independente e autônoma da Procuradoria-Geral da República e da inteligência da Polícia Federal. Conta-se também com a positivação vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental?, disse.
A presidente também citou o papel da internet e das redes sociais na ?mobilização cívica? das populações. Ela comentou as mobilizações por democracia no norte da África.
Dilma destacou que o governo utiliza a internet para divulgar informações sobre gastos públicos. ?O nosso Portal da Transparência é hoje símbolo dos avanços na relação do governo com a cidadania. Por seu intermédio divulgamos na internet diariamente todos os dados do governo.?
Ela afirmou que pretende ampliar a divulgação de dados pela web. ?O próximo passo será disponibilizar essas informações como dados abertos, permitindo seu livre uso em diferentes análises e cruzamentos?, disse.
O governo brasileiro foi convidado, no ano passado, a integrar o programa como coautor. Na solenidade desta terça, Dilma, Obama e mais seis chefes de Estado assinaram compromisso de investir em transparência governamental.
A presidente Dilma Rousseff durante reunião com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama no Hotel Waldorf Astoria, em Nova York (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)A presidente Dilma Rousseff durante reunião com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama no Hotel Waldorf Astoria, em Nova York (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
Mais cedo, Dilma teve reunião fechada com Obama para discutir crise internacional. Ela tem criticado as medidas tomadas pelos EUA para combater a turbulência financeira. Na semana passada, chegou a dizer que falta ao país "decisão política" que estimule investimentos e "recicle" o endividamento da população.
Nesta terça, Dilma terá ainda encontro com o presidente do México, Felipe Calderón, e participará de jantar em que receberá o Prêmio do Serviço Público, oferecido pelo Woodrow Wilson International Center for Scholars.
Nações Unidas
Na manhã desta quarta-feira (21), antes de fazer o discurso de abertura do Debate Geral da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma terá um encontro com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.