O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou ontem que o impasse entre Brasil e Itália sobre a extradição do terrorista Cesare Battisti prejudique as relações diplomáticas entre os dois países. Na semana passada, depois que o Supremo Tribunal Federal determinou a libertação de Battisti, o governo italiano chamou seu embaixador no Brasil de volta.
"Posso lhes assegurar que eu recolhi do chanceler da Itália uma atitude de respeito pelas instâncias jurídicas brasileiras. Não considero que o tema ameace as relações bilaterais", disse Patriota. Ele teve um encontro em Roma com o ministro italiano Franco Frattini.
As declarações foram feitas durante audiência pública na Câmara. Ontem, porém, Frattini afirmou, em um programa de TV italiano, que até 25 de junho o governo vai recorrer da decisão no Comitê de Conciliação, criado com base no tratado entre Itália e Brasil. O próximo passo será levar o caso ao Tribunal Internacional de Haia.
O terrorista foi solto na semana passada. Ele foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos que foram cometidos na década de 1970.
ACORDO CANCELADO
A cidade italiana de San Polo di Piave, na região do Vêneto, suspendeu um acordo de cooperação econômica e cultural com o município de Arroio Trinta, no meio-oeste de Santa Catarina. A decisão ocorreu na última segunda-feira após votação no Conselho Comunal, órgão que representa o Legislativo na cidade italiana.
De acordo com o prefeito de San Polo di Piave, Vittorio Andretta, o conselho quis dar "um forte sinal" de repúdio ao Brasil após o país ter negado a extradição de Battisti.
O prefeito de Arroio Trinta, Claudio Spricigo (DEM), diz que não recebeu um comunicado oficial da cidade italiana e soube da decisão por agências de notícias.