Relatora da CPI dos atos golpistas no Congresso Nacional, a senadora Eliziane Gama revelou, em entrevista concedida nesta quarta-feira (07), ao jornal Agora, da Rede Meio Norte, que o primeiro convocado para ser ouvido na CPI será Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. A CPI investiga a participação de agentes públicos e empresários na promoção e financiamento dos atos de 8 de janeiro.
Durante a entrevista, a senadora comentou também sobre a apreensão do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro,. Gama reforçou ainda que a apreensão do telefone do tenente-coronel se trata de uma informação pública e que os dados fazem com que se torne ainda mais necessária a presença de Cid na CPI.
"Tivemos ontem a aprovação do plano de trabalho que vai culminar com o relatório. Temos um roteiro que passa por convocações, solicitação de documentos e, com a devida necessidade, quebras de sigilos e pedidos de busca e apreensão. A gente acaba tendo mais dados sobre o que foi encontrado no telefone apreendido pela Polícia Federal. Essa informação é pública e fica claro a necessidade de lhe incluir na oitiva da CMPI do 8 de janeiro que apontava para um possível golpe. Essas informações nós perseguiremos na primeira rodada. Nós teremos na terça-feira vários outros requerimentos que serão aprovados, teremos cerca de 200 requerimentos e iniciaremos com essa rodada de trabalhos. Foram até o momento 62 requerimentos entre convocções e solitações de dados. O primeiro foi Anderson Torres.
André Fernandes
Eliziane foi questionada pela jornalista Cinthia Lages sobre um princípio de confusão durante o início dos trabalhos da comissão, devido a participação do deputado André Fernandes (PL), um dos investigados por suspeita de envolvimento na organização dos atos de 8 de janeiro. A senadora argumentou que a situação é delicada e que um pedido pela sua retirada da CPI já foi protocolado.
"Se você faz uma avaliação tecnica do que é uma CPMI, você vai ver que elas tem um poder semelhante ao de uma delegacia, inclusive a funcionalidade. Um dos elementos é que se o delegado é investigado, ele fica impedido de participar daquela investigação. Se você é investigado, como você vai estarinvestigando? No caso dele, especificamente, há inclusvie denúncia proferida. É uma decisão do Congresso Nacional, do presidente da CPMI, que já foi protocolada uma questão de ordem. Infelizmente, esse é um problema que teremos que enfrentar caso não seja acolhida essa questão de ordem, até porque ele é parlamentar e foi indicado pelo seu partido".
Convocação de Bolsonaro
A parlamentar não se esquivou de responder sobre uma possível convocação do ex-presidente Bolsonaro. Para ela, se houver a necessidade e as informações levarem a algum envolvimento por parte do ex-chefe do executivo nacional, a ela não vai prevaricar.
"A gente toma decisão conforme as informações que vão chegando. Preciso de elementos, nessa primeira rodada não fiz o requerimento. Se houver necessidade, chamaremos sim, não vou prevaricar, temos uma meta a seguir. Se os dados nos levarem a perceber que tem indícios de movimento da participação dele nesses atos de 8 de janeiro, faremos com certeza a convocação. Jamais deixaremos de fazer aquilo que é necessário".