Analista Kotscho faz leitura da ignorância do povo sobre assuntos políticos

Deve ser o mesmo contingente que ainda acredita na terra plana, que a vacina contra a Covid faz o sujeito virar jacaré e bom mesmo é tomar cloroquina

Analista Kotscho faz leitura da ignorância do povo sobre assuntos políticos | Ascom
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Pesquisa Ipec publicada neste domingo pelo Globo revela o que a lavagem cerebral das fake news da extrema direita pode fazer com a cabeça de um povo: para 44% dos brasileiros, corremos o risco de virar um "país comunista".  As informações são do colunista do UOL, Ricardo Kotscho.

E pior: 31% concordam totalmente com a afirmação de que o comunismo está batendo à nossa porta e 13% só acreditam em parte nesta alucinação.

Deve ser o mesmo contingente que ainda acredita na terra plana, que a vacina contra a Covid faz o sujeito virar jacaré e bom mesmo é tomar cloroquina. Como bem escreveu meu colega Leonardo Sakamoto aqui no UOL, numa coluna bem didática que vale a pena ler, a imensa maioria dessa gente nem sabe o que é comunismo, palavra que saiu de moda com a queda do Muro de Berlim, há pouco mais de 33 anos, ainda muito utilizada por militares brasileiros para assustar os paisanos e garantir seus privilégios.

Analista Kotscho faz leitura da ignorância do povo sobre assuntos políticos - Imagem: Reprodução

Ainda esta semana, ao escrever sobre uma comunidade de idosos, onde vários deles se recusaram a tomar a vacina bivalente, cheguei à conclusão de que o maior mal do Brasil é a ignorância, aliada à má-fé ou falta de caráter. O resto é consequência. 

Essa praga atinge cidadãos de todas as classes sociais, faixas etárias, regiões do país e não tem a ver apenas com falta de educação ou cultura, pois quem teve acesso a boas escolas e tem título de doutor também acredita que o presidente Lula é um perigoso "comunista" a serviço de Moscou, onde o comunismo nem existe mais.

Nas últimas eleições americanas, Donald Trump também usou o mesmo expediente para xingar o democrata Joe Biden de "comunista", cuja vitória ele até hoje não reconheceu, a exemplo do que seu discípulo brasileiro fez em relação a Lula. 

"A maior parte das pessoas associa o comunismo na América Latina com as situações de Venezuela e Cuba, combinações de um regime autoritário com realidades como fome e desabastecimento. Isso esteve muito presente nas narrativas de Bolsonaro", diz a cientista política Camila Rocha do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em entrevista ao Globo.

Por isso, diz a reportagem, a pergunta "o que é comunismo?" foi a que mais cresceu em uma das categorias nas pesquisas dos brasileiros no Google em 2022. Mas parece que muitos não entenderam ou não acreditaram no que leram, a julgar pelos inacreditáveis resultados da pesquisa do Ipec, instituto que sucedeu o antigo Ibope. 

Os efeitos da lavagem cerebral que o país sofreu nos últimos anos ainda se farão sentir por muito tempo.

 Vida que segue.

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