O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, elogiou na última sexta-feira o antecessor, Nelson Jobim, e reconheceu que a Defesa tem uma estratégia definida, prometendo respeitar os interesses estratégicos do Brasil. Ele manifestou satisfação com o convite feito pela presidente Dilma Rousseff (PT) para integrar o primeiro escalão do governo e terá hoje, em Brasília, o primeiro encontro com os comandantes das Forças Armadas, que não digeriram a indicação do novo titular da Defesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
"Evidentemente eu tenho muito apreço pelo trabalho feito pelos meus antecessores, inclusive o ministro Nelson Jobim. Eu acho que a Defesa tem um projeto importante, há uma estratégia nacional de defesa, que foi definida. Eu, durante a minha vida inteira, fui um servidor do Estado brasileiro e é o que pretendo continuar a ser, sempre abrindo essa condição de servidor do Estado para um diálogo com a sociedade, mas sem perder de vista também os interesses maiores, estratégicos da Nação", afirmou o novo ministro, que ocupou a pasta de Relações Exteriores durante o governo Lula.
A demissão de Jobim
O ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), entregou sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff no dia 4 de agosto. Sua situação se tornou insustentável no governo após declarações dadas à revista Piauí em que teria considerado a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, "muito fraquinha" e dito que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, "sequer conhece Brasília". Jobim negou ter feito as críticas e disse que as informações seriam "parte de um jogo de intrigas". Mas, segundo fontes, Dilma já havia decidido demitir o ministro caso ele não abandonasse o cargo por conta própria. Para seu lugar, a presidente escolheu o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.
A situação de Jobim à frente da pasta já vinha se deteriorando por outras declarações à imprensa que geraram mal-estar no governo. Em uma entrevista, ele afirmou ter votado no tucano José Serra, principal adversário de Dilma, nas eleições presidenciais do ano passado. No início de julho, em uma cerimônia em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - de quem ele foi ministro da Justiça entre 1995 e 1997 - no Senado Federal, ele citou o dramaturgo Nelson Rodrigues dizendo que "os idiotas perderam a modéstia". A fala foi interpretada como uma insatisfação do ministro com sua situação no governo. Mais tarde, contudo, ele disse que se referia a jornalistas.