Roberto Freire, presidente do PPS, enxerga o Bolsa Família com olhos bem mais críticos que os de José Serra, o presidenciável apoiado por seu partido. Serra inclui o Bolsa Família no rol dos “bons programas” da gestão Lula. Uma iniciativa que promete “manter e ampliar”. Para Freire, trata-se de iniciativa de caráter “assistencialista e eleitoreiro”. Só vê utilidade para o programa em “situações emergenciais”. A posição de Freire, explicitada num lote de mensagens levadas ao micro-blog na madrugada desta sexta (9), chega em momento delicado. Em reação ao veneno do PT, que insinua que o tucanato planeja enterrar o Bolsa Família, Serra caba de servir uma superdose de antídoto. Há dois dias, o candidato do PSDB disse que, se eleito, vai dobrar os investimentos no Bolsa Família, um dos mais vistosos pilares da campanha da rival Dilma Rousseff. Nesta quinta (8), de passagem pelo interior de São Paulo, Dilma atribuiu às palavras de Serra um objetivo meramente eleitoral. “Não se pode admitir que haja colocações que visivelmente têm sua repercussão e sua origem marcada pela campanha eleitoral", disse ela. É nesse contexto conturbado que Freire fez soar sua voz dissonante. O presidente do PPS expôs sua visão da encrenca na web. Um dos seguidores de Freire no Twitter perguntou a ele por que pespega na administração Lula a pecha de “governo de direita”. Freire respondeu que Lula adota uma “política econômica que favorece o capital financeiro especulativo”. E é “conservador no social, com seu assistencialismo”. Outro internauta concordou com Freire. Escreveu que falta aos programas sociais adotados sob Lula uma “visão progressista”. Foi quando Freire levou à rede sua opinião sobre o Bolsa Família: “Tem funcionalidade conservadora...” “...Nada muda. E ajuda manter o status-quo, gerando euforia e eleitoralismo”. Outro seguidor de Freire levantou dúvidas sobre a eficácia do discurso ameno que Serra vem adotando em relação ao governo Lula, aprovado por 76% dos eleitores. Freire cuidou de diferenciar sua posição da de seu candidato: “Creio que Serra está seguindo mais sua visão, na critica oposicionista a Lula, que a minha”. Como que decidido a realçar sua posição, Freire citou justamente o "Bolsa Família" como exemplo de tema que distingue o seu discurso do de Serra. Noutra resposta do diálogo cibernético que travou na madrugada, Freire foi ainda mais explícito: “Serra tem sua visão crítica e eu tenho a minha”. No início da semana, ao criticar o vaivém do PT em relação ao programa de governo, Serra dissera que Dilma e sua turma não tem “duas caras, mas várias caras”. Referindo-se à sua própria campanha, Serra declarara que tem uma cara só: “A minha cara”. À sua maneira, Freire assentiu no twitter: “O candidato é ele e voto nele”. Um dos internautas ponderou a Freire que “criticar por criticar” o Bolsa Família não é a melhor solução para iluminar a suposta “ineficácia” do programa. Mas falou do futuro do programa numa eventual gestão Serra no condicional: “Quem sabe, [consiga] oferecer saída pela dignidade do trabalho”. Outro interlocutores de Freire no cristal líquido disse que o Bolsa Família se presta mais a “situações emergenciais”. O presidente do PPS concordou: “Correta sua colocação. Gerar renda e criar empregos é o caminho para um futuro melhor. Na emergências, soluções emergenciais”. Mais adiante, o mandachuva do PPS referiu-se ao Bolsa Escola. Um programa adotado sob FHC, que o tucanato diz estar na origem da política social de Lula. Freire repisou: O Bolsa Família tem “caráter mais assistencialista e eleitoreiro. Anteriormente, com a contra-prestação social [exigida sob FHC], o caráter era mais compensatório”. O governo, o PT e Dilma dizem coisa diversa. Sustentam que, na era FHC, a política de bolsas era negligenciável. Coube a Lula convertê-la em prioridade, unificando-a e vitaminando-a.
Aliado de Serra, PPS acha o Bolsa Família ‘eleitoreiro’
Roberto Freire, presidente do PPS, enxerga o Bolsa Família como um prgrama eleitoreiro
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