O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, vai se sentar pela primeira vez na cadeira da presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira (21). O privilégio, no entanto, ainda não é definitivo, já que ele só assume oficialmente o posto nesta quinta-feira (22).
A sessão começa às 14h (horário de Brasília) e o primeiro desafio de Barbosa será comandar ao cálculo das penas dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenados no processo do mensalão.
A cerimônia de posse, marcada para às 15h de amanhã, terá as presenças da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, e o presidente do Senado, José Sarney.
Barbosa vai ocupar hoje o lugar de Carlos Ayres Britto, na 47ª sessão do mensalão, porque é o atual vice-presidente do Supremo. Já Ayres Britto se aposentou compulsoriamente na última quarta-feira (14), porque completou 70 anos de idade.
?A toga gostou dos meus ombros?, diz Ayres Britto
Após nove anos de Supremo e eleito para a presidência da Casa em abril deste ano para o mandato 2012-2014, Ayres Britto disse na despedida que não ?perdeu a viagem? ao assumir o cargo de ministro.
? Dei tudo de mim e aprendi muito com todos os ministros com quem trabalhei. [...] A toga gostou dos meus ombros.
Seu sucessor, o ministro Joaquim Barbosa é conhecido por seu forte temperamento, pela fama de brigão e por ser considerado ?linha dura?. Filho de um pedreiro e de uma dona de casa, ele cresceu discriminado na pequena cidade mineira de Paracatu.
O primeiro negro a presidir a mais alta Corte do País assume o cargo exatamente em um dos momentos de maior evidência do Supremo, quando ocorre o julgamento do mensalão. Barbosa, inclusive, foi o principal algoz dos réus condenados no processo.
Agora aposentado, Ayres Britto foi nomeado pelo ex-presidente Lula em junho de 2003, na vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Ilmar Galvão. Britto nasceu na cidade de Propriá, em Sergipe e se formou em Direito na Universidade Federal do Estado, em 1962.