O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), anunciou nesta quarta (13) durante o depoimento à CPI do Cachoeira que, embora tenha prestado depoimento na condição de testemunha, colocará à disposição da comissão os sigilos bancário, fiscal e telefônico.
"Sei que compareço como testemunha. Sei que não é usual. Mas coloco à disposiçao da CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico."
O anúncio causou alvoroço no plenário da CPI. Diversos parlamentares levantaram-se para aplaudir o governador. O presidente da comissão teve de acionar a sineta para pedir silêncio e solicitar que os presentes evitassem manifestações.
"Ouvi alguns dias atrás, de um homem humilde, do povo, o velho adágio popular de quem não deve não teme", declarou o governador.
Mais tarde, no momento em que respondia a questionamentos do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), Agnelo acrescentou que também colocaria à disposição o sigilo de e-mail e SMS.
Em seguida, parlamentares da CPI apresentaram ao relator um requerimento para oficializar a quebra dos sigilos de Agnelo e pediram ao governador para que assinasse naquele momento. O relator afirmou que submeterá o requerimento à apreciação dos membros da CPI na reunião administrativa prevista para esta quinta (14).
Marconi Perillo
A atitude de Agnelo contrastou com a do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que depôs na sessão da CPI desta terça (12). No momento em que o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), perguntou a Perillo se ele aceitaria abrir mão do sigilo telefônico, parlamentares de PSDB e DEM protestaram, argumentando que ele era testemunha - e não investigado - e, por isso, não tinha de autorizar a quebra de sigilo.
Marconi Perillo respondeu que não tinha razões para colocar o sigilo à disposição. Segundo o governador, a solicitação da quebra de sigilo caberia à própria comissão ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"Não cabe a mim decidir sobre abertura de sigilos. Isso cabe à esta CPI e ao STJ", Perillo disse durante a sessão da CPI. O relator Odair Cunha afirmou que pretende colocar em votação na quinta (14) o requerimento de quebra dos sigilos do governador goiano.
Relator
Ao final das perguntas que fez a Agnelo na sessão da CPI, o petista Odair Cunha, relator da comissão, elogiou o governador pela atitude de colocar os sigilos à disposição.
"O sr. coloca à disposição dessa CPI, diferente do Perillo, os sigilos. E é bom lembrar que eu nem pedi ao Perillo o fiscal e o bancário, só o telefônico. O sr. mostra, com esse gesto, que não há nada há temer", declarou Odair Cunha.
O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, afirmou que, ao oferecer a abertura de seus dados sigilosos, Agnelo obteve "grande diferença" em relação ao depoimento de Perillo.
"Vejo que foi positivo porque provou que não teve nenhum tipo de envolvimento com o Cachoeira. [...] A grande diferença entre Perillo e Agnelo pode ser vista no momento em que Agnelo abriu seus sigilos. Agnelo foi vitima dessa organização. Tentaram entrar no governo do DF, mas não conseguiram", afirmou Tatto.