Por José Osmando de Araújo
A viagem que o Presidente faz a partir desta quarta-feira ao Japão, completando a sua sexta visita a outros países nesses seus 136 dias de terceiro mandato, tem um significado especial, pois marca o retorno de um mandatário brasileiro a participar da cúpula do G7, poderoso e influente grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Além do Brasil, foram excepcionalmente convidados a integrar essa importante reunião que se inicia no domingo, Austrália, Índia, República da Coreia, Indonésia e Vietnã. Além dos países-membros e convidados, haverá também a presença de representações das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Agência Internacional de Energia, Organização Mundial de Saúde e Organização Mundial do Comércio e da União Europeia.
BUSCAR SOLUÇÕES
Esse retorno do Brasil ao G7 registra-se num momento em que o mundo quer discutir, na busca de soluções, questões essenciais como o conflito entre a Ucrânia e a Rússia; a dinâmica inflacionária que ameaça a economia de diversos país; o enfrentamento das vulnerabilidades dos países pobres e em desenvolvimento; as questões climáticas e energéticas; o fortalecimento das estruturas de saúde pública para os diversos países do mundo e também temas relacionados a desigualdade econômica, segurança e bem-estar dos povos.
CONVITES
Para esta integração de agora, o convite ao presidente brasileiro foi feito pelo presidente do Japão, Fumio Kishida, país anfitrião. Há quatorze anos o Brasil não era convidado para compor esse importante núcleo de discussões mundiais, formado pelas mais importantes nações na economia e na democracia. Este será, portanto, o sétimo comparecimento brasileiro e de Lula no G7. A última presença do Brasil foi com o próprio governante petista, em 2009, na Cúpula de L’Aquila, a convite da Itália.
Em 2003, o Brasil esteve na Cúpula de Évian-les-Bains, a convite da França; em 2005, da Cúpula de Gleneagles, a convite do Reino Unido; 2006, Cúpula de São Peterburgo, a convite da Rússia (então membro do G8); 2007, Cúpula de Heiligendamm, a convite da Alemanha; 2008, Cúpula de Hokkaido, a convite do Japão.
MUDAR AS REGRAS
Com discurso forte em questões essenciais ao desenvolvimento e ao equilíbrio mundial, como redução das desigualdades sociais, temas atinentes ao clima e o fim dos enfrentamentos armados que intranquilizam o mundo, o presidente brasileiro quer sensibilizar os dirigentes mundiais para fazer mudar as regras da governança global, tradicionalmente percebida como uma estrutura de poder que beneficia, historicamente, países como os Estados Unidos e a Europa.
Durante visita à China, em abril, ele foi muito claro em relação a essas questões. E deverá reforçar seu discurso nesse importante ambiente que reúne as mais poderosas nações, reiterando que o interesse não pode estar focando apenas em condições de comércio, mas de uma mudança efetiva de visão e de disposição para investimentos em campos mais importantes e preocupantes, como o combate à fome que se alastra sobre milhares e milhares a cada ano; o desequilíbrio ecológico que tem se acentuado, gerando inquietação quanto ao aquecimento global; o fim do estímulo para enfrentamento armados entre países; e necessidade de rever os planos para substituição de combustíveis fósseis por novas formas de geração de energia, além, evidentemente, do fim do domínio do dólar sobre as relações comerciais entre países, fazendo prevalecer as moedas nacionais.
EQUILÍBRIO E COOPERAÇÃO
A presença do Presidente Lula nesse fórum mundial não tem apenas o significado de recolocar o Brasil, de modo positivo, na cena mundial, reparando uma marca de deboche plantada na cara dos brasileiros durante esses últimos seis anos, mas faz nascer, principalmente, a esperança de que suas claras manifestações em defesa do equilíbrio e cooperação entre os povos possam ser ouvidas e acolhidas.
Lula tem demonstrado, agora mais amadurecido e experiente, que está possuído de uma visão sempre mais humanizada no modo de governar. E tem se apresentado ao mundo como uma liderança capaz de influenciar outros líderes para uma nova ordem de governança, despertando os dirigentes do planeta para a cooperação, a paz e o desenvolvimento harmônicos, em benefício de todos os povos.