44% não teriam ido às urnas em SP se o voto fosse facultativo

Entre os que afirmam ter votado branco ou nulo, o índice dos que não teriam comparecido é bem maior.

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Se o voto não fosse obrigatório, 44% dos eleitores que foram às urnas escolher o prefeito de São Paulo no domingo passado afirmam que não teriam comparecido à votação, mostra o Datafolha.

O cenário não favoreceria nem Fernando Haddad (PT), que saiu vencedor com 56% dos votos válidos, nem seu adversário, José Serra (PSDB). Isso porque o percentual dos que deixariam de votar é semelhante entre eleitores dos dois: 40% dos que declaram voto no petista e 39% dos que votam no tucano.

Entre os que afirmam ter votado branco ou nulo, o índice dos que não teriam comparecido é bem maior: 77%. A pesquisa foi realizada no dia seguinte à eleição.

Se a indicação se concretizasse, a taxa de abstenção na cidade de São Paulo saltaria de 19,99% para 55,2%.

Na eleição de Barack Obama nos Estados Unidos, em 2008, por exemplo, a abstenção foi de 44%. Nos EUA, o voto é facultativo.

Dados da Justiça Eleitoral, no entanto, mostram que o índice de abstenção em São Paulo pode estar superestimado por falta de atualização no cadastro dos eleitores.

O cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, diz que o dado, sozinho, "não indica se uma democracia está instável ou estável". Ele cita como exemplo o alto comparecimento na eleição venezuelana. "Pode ser que a população esteja mobilizada politicamente, mas não em nome da democracia", afirma.

No Brasil, o voto é obrigatório para as pessoas alfabetizadas que têm entre 18 e 70 anos. Quem não comparece nem justifica a ausência é multado em R$ 3,51. Se a multa não for paga, ficará impedido de participar de concursos públicos ou tirar documentos como o passaporte.

PERFIL

O percentual dos que não iriam às urnas em São Paulo é maior entre os que dizem ter renda menor: 48% dos que ganham até dois salários mínimos ante 32% dos que recebem mais de dez mínimos.

A maior inclinação dos mais pobres à abstenção é um dos principais argumentos usados pelos que defendem a obrigatoriedade do voto. Para eles, a exigência é um estímulo para que essa parcela da população seja contemplada nas propostas.

Defensores do voto facultativo, no entanto, afirmam que a obrigatoriedade faz com que eleitores escolham sem conhecer as plataformas dos candidatos em quem estão votando.

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