O segundo dia do julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus pela suposta trama golpista foi marcado pelas falas das defesas. Nesta quarta-feira (3), os advogados criticaram provas apresentadas no processo, questionaram a delação do tenente-coronel Mauro Cid e pediram a absolvição dos acusados.
A sessão durou quase quatro horas e será retomada apenas na próxima terça-feira (9), às 9h, quando os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começam a votar.
Defesa de Bolsonaro
O advogado Celso Vilardi sustentou que não existe qualquer elemento que ligue o ex-presidente aos ataques de 8 de janeiro ou à elaboração de um golpe.
“Essa minuta, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente [ex-presidente Bolsonaro] à Operação Luneta, ao Punhal Verde e Amarelo e ao 8 de janeiro. Nem o delator falou isso. Não há uma única prova”, afirmou.
Vilardi também afirmou que Mauro Cid não é confiável por ter mudado versões.
“Ele [Cid] mudou a versão várias vezes. E isso não sou eu que estou dizendo, é, na verdade, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, no último relatório de novembro, quando se disse que ele tinha inúmeras omissões e contradições.”
Segundo o advogado, o ex-ajudante de ordens foi “dirigido” e “induzido” a implicar Bolsonaro.
Críticas ao processo
Outro ponto levantado pela defesa foi a falta de tempo para analisar os documentos produzidos pela Polícia Federal.
“Nós não tivemos o tempo que a Polícia Federal e o Ministério Público tiveram [para analisar as provas]. São bilhões de documentos. Eu não conheço a íntegra desse processo”, disse Vilardi.
O advogado também buscou desqualificar a chamada “minuta do golpe” e ressaltou que Bolsonaro teria conduzido a transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva sem criar obstáculos.
“A prova produzida pela defesa mostra que o presidente Bolsonaro determinou uma transição”, declarou.
Pedido de absolvição
Ao fim da sustentação, a defesa pediu a absolvição de Bolsonaro e afirmou que a pena máxima cogitada no processo seria desproporcional.
“Uma pena de 30 anos não seria razoável”, concluiu Vilardi.