Em 2022, o Atlas da Violência revelou que agressões sexuais foram o tipo mais frequente de violência registrada contra meninas de 10 a 14 anos no Brasil. Esses casos representaram quase metade (49,6%) de todos os incidentes de violência nessa faixa etária, e cerca de 30% entre bebês e crianças com até 9 anos.
"A violência sexual responde, entre meninas de 10 a 14, como a principal forma de violência, e é a segunda causa entre bebês e meninas de até 9 anos. É assombroso o que esse número revela", afirma Samira Bueno, coordenadora da pesquisa e diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável do estudo junto com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do governo federal.
Em 2022, o Atlas da Violência, utilizando dados do SUS, destacou que a negligência é predominante nas faixas etárias de 0 a 9 anos e acima dos 70 anos, enquanto a violência física prevalece de 15 a 69 anos. No total, foram registrados 221.240 casos de violência contra meninas e mulheres, equivalendo a uma agressão a cada 2 minutos.
Homens são responsáveis por 86,6% dos casos, sendo maioria em todas as faixas etárias a partir dos 10 anos, e dividindo igualmente a responsabilidade com as mulheres nos casos de violência contra crianças de 0 a 9 anos.
Em 81% dos casos, a violência contra meninas e mulheres ocorreu dentro de suas próprias residências, totalizando 116.830 incidentes. A via pública representa o segundo local mais comum, com 6,1% dos registros.
NORTE E NORDESTE MAIS VIOLENTOS
O estudo identificou que as regiões Norte e Nordeste do Brasil são as mais violentas, com taxas de homicídio acima de 46,9 por 100 mil habitantes em estados como Amapá, Amazonas, Roraima e Bahia. Dos 10 municípios com as maiores taxas de homicídios em 2022, sete estão localizados na Bahia.
NEGROS SÃO 76% DAS VÍTIMAS DE HOMICÍDIOS
Segundo o Atlas, 76,5% dos homicídios no Brasil em 2022 foram contra pessoas negras, totalizando 35.531 casos. A taxa de homicídios entre negros (29,7 por 100 mil habitantes) é significativamente superior à taxa entre não negros (10,8 por 100 mil habitantes). Em média, 2,8 pessoas negras foram mortas para cada pessoa não negra assassinada no país.