Começa júri do vigia acusado de participação na morte de Mércia

Mizael Bispo foi julgado pelo assassinato e condenado em março.

Começa júri do vigia acusado de participação na morte de Mércia | Grizar Junior/AE
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O júri do vigia Evandro Bezerra Silva, acusado de participar do assassinato da advogada Mércia Nakashima em 2010, deve começar na manhã desta segunda-feira (29) no fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo. Evandro é o segundo réu a ser julgado pelo crime: em março, o advogado e policial militar reformado Mizael Bispo foi condenado a 20 anos de prisão pela morte da ex-namorada Assim como o antigo patrão, o vigilante também nega o crime, mas deverá dizer que desconfia de Mizael ter matado Mércia.

Evandro Silva começará a ser julgado a partir das 9h. O plenário foi reservado até quarta-feira (31). O vigia, atualmente com 41 anos, responderá por homicídio duplamente qualificado (meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) no caso Mércia Nakashima. O processo foi desmembrado por decisão da Justiça para que Mizael e Evandro fossem julgados em separado. O vigilante trabalhava para o advogado como segurança de feiras livres.

Segundo a acusação, o vigia sabia do plano de Mizael para matar a advogada e deu carona para o assassino fugir de Nazaré Paulista, interior de SP.

Ao contrário do júri de Mizael, o julgamento de Evandro não será transmitido pela TV, internet e rádio. A Justiça negou o pedido da defesa do réu, que queria a mesma cobertura dada a Mizael.

Crime

O crime foi cometido na represa da cidade, em 23 de maio de 2010, depois de Mércia desaparecer de Guarulhos. O veículo da advogada e o corpo dela foram encontrados, respectivamente, nos dias 10 e 11 de junho daquele mesmo ano. A vítima morreu afogada, aos 28 anos, depois de ser baleada de raspão no rosto e nas mãos.

O motivo do assassinato seria o fato de Mércia não aceitar reatar o romance com Mizael. Apontado como o executor, o ex, que está com 43 anos, cumpre pena no Presídio Romão Gomes da Polícia Militar, na Zona Norte da capital. Ele foi condenado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima).

Evandro está detido preventivamente na Penitenciária 2 de Tremembé, interior do estado. Nesta manhã, ele deverá ser escoltado pela Polícia Militar para o seu julgamento. Ele foi autorizado pela juíza a trocar o uniforme de presidiário, camiseta branca e calça cáqui, por roupas comuns durante o júri.

No plenário do fórum, há 84 lugares disponíveis para acompanhar o júri. Quem decidirá se Evandro é culpado ou inocente serão sete jurados. Após ouvirem o depoimento de nove testemunhas (duas da acusação e sete da defesa), o interrogatório do réu e o debate entre acusação e defesa, eles se reunirão numa sala secreta. Lá, votarão pela absolvição ou condenação do acusado.

A sentença caberá à juíza. Se Evandro for considerado culpado pelo crime, a magistrada terá de aplicar uma pena para o condenado. Se o réu for inocentado, ele será posto em liberdade.

Acusação

Para o Ministério Público, o vigilante é coautor do crime. "No entendimento da Promotoria, o partícipe da morte de Mércia tem de ser condenado a uma pena entre 18 e 20 anos de prisão", disse o promotor Rodrigo Merli Antunes.

Ao lado do assistente da acusação, Alexandre de Sá Domingues, advogado contratado para defender os interesses da família Nakashima, o promotor informa que as principais provas do envolvimento de Evandro são: a confissão que ele deu no processo, admitindo ter buscado Mizael na represa de Nazaré Paulista no dia do crime e a análise das ligações telefônicas entre ele e o assassino de Mércia, que o colocam próximo do local onde ela foi morta.

?Evandro conta meia verdade, que foi buscar Mizael em Nazaré e não sabia do crime. Ele sabia, sim, e Mizael só matou Mércia porque teve a ajuda do vigia?, afirmou Rodrigo Merli Antunes. "Vamos mostrar imagens sugestvas de pedofilia. As pessoas precisam conhecer o verdadeiro Evandro, aquele que fugiu da polícia quando teve a prisão decretada para aparecer num vídeo caseiro beijando meninas de 15 anos, bebendo cerveja e dançando."

Outra prova será o depoimento de um pescador que disse ter visto o carro de Mércia ser jogado na represa durante a noite. A Promotoria não conseguiu provar, mas suspeita que o vigia tenha recebido dinheiro para ajudar Mizael. "O ex-namorado de Mércia chegou a sacar R$ 10 mil da sua conta."

Durante todo o processo, o vigia fugiu da polícia para não ser preso e já deu quatro versões diferentes para se defender do crime. Na primeira, confessou participação no homicídio, mas depois voltou atrás alegando ter sido torturado por policiais. Depois, na última, confirmou ter ido buscar Mizael na represa, mas que não tinha conhecimento, na época, de ele ter matado Mércia. Também falou que foi procurado por parentes do ex de Mércia para mudar o depoimento em troca de dinheiro.

?Por questões de provas tenho 101% de certeza da absolvição dele. Mas tribunal do júri é sempre uma caixinha de surpresa?, disse o advogado Aryldo de Oliveira de Paula.

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