O vice-prefeito de Campinas (SP), Demétrio Vilagra (PT), foi preso pouco depois das 20h desta quinta-feira ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, em um voo vindo da Europa. Ele recebeu voz de prisão do delegado da Corregedoria de Polícia Civil campinense, Roveraldo Battaglini. A previsão é de que ele siga direto para Campinas, onde deve realizar exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Em seguida, deve ser transferido para o 2° DP. Sua chegada ao País estava prevista para as 18h10.
O político é considerado foragido desde sexta-feira pela Justiça por um suposto envolvimento em um esquema de fraudes e cobrança de propina em contratos públicos investigado pelo Ministério Público. De acordo com seu advogado, Ralph Tórtima, Vilagra ficaria em férias na Espanha até o dia 30 de maio, mas antecipou o retorno para tomar ciência dos acontecimentos e providenciar sua defesa. Tórtima entrou com pedido de revogação da prisão temporária na quarta-feira, que foi negado. Segundo Tórtima, seu cliente nunca foi citado pelo MP e não foi convocado para prestar qualquer esclarecimento posteriormente.
Segundo o MP, o pedido de prisão de Vilagra ocorreu porque ele atrapalhou as investigações que culminaram no mandado de prisão de 20 acusados no casos, entre eles empresários, agentes públicos e ex-servidores da prefeitura de Campinas.
Dentre os pelo menos 11 presos, três continuam detidos, e os demais tiveram a prisão preventiva revogada. Vilagra é um dos nove procurados. Ainda não se apresentaram os ex-secretarios - exonerados na semana passada - Carlos Henrique Pinto (Segurança) e Francisco de Lagos (Comunicações).
"Mensalinho"
Em depoimento na terça e na quarta-feira, empresários ouvidos pelos promotores do Ministério Público afirmaram que entregaram dinheiro a Vilagra. Os depoimentos foram colhidos durante acareação com o ex-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) Luiz Augusto Contrillon de Aquino, respaldado por uma delação premiada.
Aquino, também investigado pelo MP, contou como funcionaria a participação de 26 pessoas, entre elas figuras do primeiro escalão da prefeitura, em casos de trocas de favores, pagamentos de propinas e de entre 5% a 7% do valor de contratos de licitação, além de liberação de licenças.