As conversas que Eliza Samudio teve com amigos pela internet ajudam a entender o que aconteceu antes do desaparecimento. A polícia ainda não sabe quem realmente são as pessoas que aparecem nos diálogos. Na internet, onde não é preciso usar o nome verdadeiro, a própria Eliza não usava. Ela se identificava com a frase: "Fácil é Julgar".
O Fantástico teve acesso com exclusividade ao conteúdo do notebook que era usado por Eliza. A memória do computador arquivou conversas que ela teve com amigos por mensagens instantâneas. Uma das conversas dá a entender que a pessoa com quem Eliza fala é outro jogador de futebol. A conversa foi no dia 3 de abril.
No dia 28 de abril, Eliza pede conselhos para a mesma pessoa, que desta vez está identificada como um consagrado jogador, cujo nome não pode ser revelado porque ainda não está confirmado se se trata mesmo dele.
Fácil é Julgar - Preciso de uns conselhos seus. Bom dia, tudo bem?
Suposto Jogador (SJ) - Tudo, e você?
FJ - Só estresse com o inútil do Bruno. Não sei mais nem o que fazer.
SJ - Por quê?
FJ - Todo mês, ele mandava o cara que trabalha pra ele depositar uma miséria. Esse mês, tá enrolando. O acordo para ele depositar foi de eu ficar quieta, não falar nada pra imprensa.
SJ - Ele não depositou?
FJ - Mas ele tá cutucando onça com vara curta.
Em outro trecho, ela conta que conseguiu falar com Bruno.
FJ - Falei com o Bruno!
SJ - E aí?
FJ - Nada demais, ele disse que depois do jogo ou amanhã ele me chama, que a intenção dele é ajudar.
No dia 3 de maio, Eliza trocou mensagens novamente com a mesma pessoa.
FJ - Falei com o pai do meu filho.
SJ - Tá tudo bem?
FJ - Tá andando. Pediu um voto de confiança. Disse que não merece, mas vai fazer por onde.
FJ - Cadê minha camisetaaaaaa?
No mesmo dia, para uma pessoa que se identifica como Luana, Eliza conta que falou com Bruno.
Luana - E o pai dele, já conheceu?
FJ - Não, ainda, mas estamos nos falando.
L - E a audiência?
FJ - Vai demorar, viu? Só depois de agosto.
L - Não podia demorar tanto.
FJ - Brasil...
L - Tem casos que saem bem mais rápido, caraca. No Brasil, é rapidinho, dá até cadeia. Tem que ver se a sua advogada não está fazendo corpo mole.
FJ - Pensão, mas é DNA.
L - Mas como ele tem dinheiro, deveria ser mais rápido.
FJ - Mas ele está ajudando. Começamos a nos falar essa semana que passou. Rodei a baiana, falei que se não me ligasse, eu ia fazer barraco no hotel. Aí, ele ligou e pediu um voto de confiança.
L - Voto de confiança pra ele? Era só o que faltava.
FJ - É difícil.
L - Ele não merece nem atenção.
FJ - Quem sabe ele vendo o garoto resolve fazer o DNA e registrar de boa.
Eliza também fala com uma pessoa identificada como Juninho. Ela pede informações sobre a agenda do Flamengo.
FJ - Preciso de um favor seu. Tu "tem" como descobrir em qual hotel o Fla vai ficar? Não vou fazer barraco.
Juninho - Acho bom mesmo.
FJ - Só vou ligar pra falar com o Bruno.
Para o advogado da família de Eliza Samudio, as conversas demonstram que Bruno estava convencendo Eliza a acreditar nele e assim, atraí-la para o Rio de Janeiro.
?Considerando tudo que o inquérito contém, considerando as provas que estão sendo ainda analisadas, há indícios muito fortes da premeditação no sentido de a partir desse convencimento, ou de ser este convencimento, o princípio do plano todo?, afirma Jader Marques, advogado que representa o pai de Eliza.