Após sete meses de investigação, a polícia de São Paulo encontrou a quadrilha que faz sequestros-relâmpago em bairros nobres da zona sul da cidade. Os 16 envolvidos são jovens, de classe média, que estudam, fazem estágio e trabalham. Eles roubavam para gastar em festas, compras de roupas caras e viagens.
Até agora 30 vítimas da quadrilha já foram encontradas, mas a polícia acredita que depois da divulgação do caso esse número aumente. Os jovens vão ser processados por extorsão e roubo.
Os suspeitos foram gravados por câmeras de segurança fazendo compras e pagando tudo com cartões das vítimas. O bando gostava de se exibir, tirando fotos da vida boa, de festas na beira de piscina, com roupas caras, mostrando o dinheiro. Em uma delas, um deles se diverte em um barco em uma praia do Rio de Janeiro.
Um empresário, que foi vítima da quadrilha e não quer se identificar, conta como eles agiram: ?Um rapaz chegou com um revólver do meu lado, bateu no vidro, entrou comigo dentro do carro com mais outra pessoa e pediu os cartões. Fizeram saques, em torno de R$ 7 mil no total?.
Eles agiam sempre da mesma forma: dois chegavam perto do carro da vítima e anunciavam o sequestro. Um entrava no banco de trás, o outro assumia o volante e o motorista passava para o banco do passageiro. Os bandidos andavam um pouco e se encontravam com outro integrante, que saía com os cartões e as senhas da vítima para fazer saques e empréstimos em caixas eletrônicos e compras em shoppings. O cativeiro era o próprio carro da vítima, que chegava a ficar cinco horas com os bandidos.
Em abril, a polícia conseguiu prender Bruno Rodrigues Guedes de Jesus, de 19 anos, apontado como chefe do bando. Ele foi reconhecido por 22 pessoas - cada uma delas representa um processo. Na sexta-feira (27), ele foi condenado por um deles a nove anos de prisão.
Desde abril, mais seis suspeitos foram presos e um menor foi apreendido. Os outros oito já foram identificados. Apenas um deles não foi identificado. É um rapaz que aparece em uma gravação armado rendendo uma mulher que saía de um supermercado. Ele assume o volante e sem perceber fica de frente para uma câmera.
Dos dezesseis envolvidos, seis eram estudantes universitários e os outros trabalhavam como office boy ou eram estagiários. Eles moravam todos no mesmo bairro, cresceram e estudaram juntos.
O que chamou a atenção da polícia foi a forma que os jovens usavam o dinheiro que roubavam. ?Comprando bebidas, energéticos, patrocinando festas. Quando conseguiam um montante um pouco maior, eles alugavam casas no litoral, onde eram promovidas diversas festas, regadas a grande quantidade de bebida alcoólica?, afirma o delegado Eduardo de Camargo Lima.
Segundo a polícia, os pais disseram que não sabiam que os filhos eram criminosos, mas a mãe de um deles também foi presa porque usava um carro roubado em um sequestro-relâmpago.