Um morador do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, foi morto, por volta de 19h da noite desta quinta-feira, num tumulto envolvendo policiais da Unidade de Polícia Pacificadora e moradores da comunidade, ao lado da sede da UPP. Outras duas pessoas foram baleadas, entre elas um menor de 13 anos. Dois policiais também ficaram feridos ao serem atingidos por pedras. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), a confusão começou após uma abordagem a suspeitos na localidade conhecida como Pontilhão, na Rua do Rio. O grupo teria reagido atirando paus e pedras contra os PMs.
Testemunhas relatam, contudo, que a reação violenta teria tido início mais cedo, por volta de 18h30m, quando uma menina de 10 anos foi atingida no rosto por uma bomba de efeito moral, revoltando moradores. O Batalhão de Choque chegou a ser acionado e realizava incursões no Jacarezinho às 21h. Moradores tentaram fechar a Avenida dos Democráticos, mas foram impedidos.
O delegado-adjunto Leandro Gontijo, da 25ª DP (Engenho Novo), onde foi registrado o caso, fez um relato do que ele acredita ter sido a ordem cronológica dos fatos. Durante uma abordagem ainda em circunstâncias não esclarecidas no Pontilhão, a menina de 10 anos foi ferida. Pouco depois, um rapaz de 18 anos e sua irmã foram detidos por desacato, já durante um princípio de confusão. Os dois e a mãe acusam os policiais de agressão, e pretendem realizar um exame de corpo de delito na manhã desta sexta-feira. Um homem também foi preso após atirar uma pedra contra uma viatura.
Segundo o delegado, os policiais que chegaram à delegacia com esta primeira ocorrência ainda não haviam relatado nenhuma troca de tiros. Apenas mais tarde, ao ser informado da morte de um morador, Leandro Gontijo se dirigiu ao local. Lá, dois policiais disseram ter reagido aos disparos de uma pessoa que saiu de um beco portando um fuzil. Foi aí que Alielson Nogueira, de 21 anos, acabou atingido por uma bala que atravessou a sua nuca, morrendo no local.
O rapaz comia um cachorro quente no momento em que foi baleado. Pouco antes, ele deixara a mulher, grávida de três meses, sentada num bar próximo a sua casa. "Vou ali comprar um lanche e já volto pra te pagar", disse ele à dona do estabelecimento, onde havia consumido uma cerveja.
Testemunhas negam troca de tiros
Ainda de acordo com o delegado, duas testemunhas que estavam ao lado de Alielson no momento de sua morte negaram que uma pessoa tenha saído do beco atirando. No contêiner que abriga os policiais, dava para ver cerca de cinco marcas de bala, mas ainda não é possível afirmar quem teria efetuado estes disparos. Três fuzis e cinco pistolas de policiais que estavam no local foram apreendidos para que seja realizada a perícia.