Um mês após morte de Jacqueline, Polícia Federal chama mãe para depor em São Paulo

A família da menina, que era filha única e ganhou de presente de aniversário a excursão, continua muito abalada

Jacqueline Ruas | Divulgação
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Um mês depois de perder a filha, Aparecida Ruas, mãe de Jacqueline Ruas, ainda evita falar sobre o caso. Na próxima semana, Aparecida deve ser chamada pela Polícia Federal (PF) para prestar depoimento no inquérito que apura as circunstâncias da morte da adolescente de 15 anos. Com diagnóstico de pneumonia, Jacqueline morreu durante um voo de volta da Disney em 2 de agosto.

A família da menina, que era filha única e ganhou de presente de aniversário a excursão, continua muito abalada. ?Os pais dela ainda não querem falar sobre o caso?, disse nesta terça-feira (1°) Magda da Paz Santos, de 39 anos, tia da jovem. Pai de Jacqueline, o consultor de sistemas Danilo Elias Ruas, já esteve na Polícia Federal.

A viagem de 12 dias foi feita pela Tia Augusta Turismo e começou em 20 de julho. De acordo com o advogado da família, Renato Tucunduva, Ruas acusou a acompanhante do grupo Gisele Martins dos Santos de não cumprir com o que tinha prometido, como falado por telefone ainda nos Estados Unidos.

?Ela se comprometeu a embarcar a minha filha, a cuidar dela durante todo o voo, como se sua filha fosse?, contou Tucunduva, que teria reproduzido as palavras de Danilo Ruas. O depoimento junto à delegacia da PF no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, onde corre a investigação, foi feito no dia 26 de agosto. O inquérito foi instaurado no dia 14.

Tucunduva contou que acompanhou as declarações de Ruas e que este se mostrou ?indignado? com a suposta negligência da agência em cuidar de Jacqueline. O pai da adolescente, que morava em São Caetano do Sul, no ABC, teria dito que ?ninguém segurou a mão? da jovem, quando tiveram pelo menos quatro oportunidades de salvá-la.

?A primeira foi no hospital, depois no embarque nos Estados Unidos, no desembarque no Panamá e novamente no embarque até o Brasil, quando ela já estava em cadeira de rodas?, contou o advogado. O voo partiu dos Estados Unidos e fez escala no Panamá antes de chegar ao Brasil.

Jacqueline chegou a ser atendida em um hospital da Flórida, pois tinha sintomas de gripe. Ao fim da viagem, segundo outras jovens que estavam na excursão, a adolescente estava muito debilitada e mesmo assim embarcou. Os médicos diagnosticaram que ela tinha pneumonia.

Outro lado

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Polícia Federal de São Paulo informou que não passaria detalhes do caso e que o inquérito está em andamento. A agência Tia Augusta também foi procurada e afirmou não saber se Gisele Martins dos Santos, que acompanhou o grupo, mas não é oficialmente guia cadastrada no Ministério do Turismo, se comprometeu a viajar ao lado de Jacqueline.

Perto da garota estavam outras jovens que ficaram amigas delas durante o passeio. O G1 conseguiu falar com Gisele na noite desta terça-feira (1), mas novamente ela se negou a comentar o assunto. ?Eu não quero falar sobre o caso. Nem uma palavra?.

Morte em voo

De acordo com o comunicado da Tia Augusta Turismo, divulgado no dia 3 de agosto, os problemas de Jacqueline na Disney começaram no dia 28 de julho, quando ela sentiu sintomas de gripe, como tosse e febre.

Nesse dia, ela foi atendida no hotel por uma médica americana, acionada pelo seguro-saúde. Segundo a agência, a mulher receitou o antiviral Tamiflu, indicado para casos de nova gripe, analgésico e um antibiótico.

Jacqueline quis continuar com os passeios, apesar de não ter melhorado. No dia 31, precisou ir a um hospital, onde ficou por seis horas. Fez exames de sangue - o teste para influenza A (H1N1), o vírus da nova gripe, deu negativo - e raio-x de pulmão.

Segundo a agência, o hospital liberou a adolescente para viajar. Procurado na época, o hospital não quis falar sobre o assunto por afirmar que a legislação americana garante a privacidade dos pacientes. A família disse que não foi avisada pela empresa sobre o diagnóstico de princípio de pneumonia.

Após a liberação, o grupo pegou o primeiro avião de volta no dia seguinte, 1º de agosto. Na escala no Panamá, Jacqueline teria piorado. Meninas que estavam com ela na viagem chegaram a dizer que a jovem, nos últimos dias, estava muito debilitada e nem tinha condições de fazer a mala sozinha.

Maquiagem

Segundo o relato de integrantes da excursão, acompanhada de Gisele Martins dos Santos, Jacqueline embarcou para São Paulo. Estava em uma cadeira de rodas antes de entrar no avião. As amigas da jovem chegaram a dizer que Gisele teria pedido que usassem maquiagem para disfarçar o abatimento, já que outras pessoas ficaram doentes na viagem.

A Tia Augusta nega o relato. "Não é verdadeira a história sobre o uso da maquiagem ou de óculos escuros antes do embarque. A Tia Augusta tem 35 anos de história. Já levamos mais de 300 mil brasileiros à Disney e nunca tivemos uma ocorrência como essa", diz a empresa na nota.

No voo, Jacqueline acabou morrendo quando faltava pouco mais de uma hora para o desembarque em Guarulhos, na Grande São Paulo. A família só soube do óbito quando foi buscar a garota no terminal.

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