Um ano depois de tentar salvar a vida de sua amiga, Eloá Cristina Pimentel, a estudante Nayara Rodrigues da Silva, de 16 anos, busca retomar a própria rotina. Em 16 de outubro de 2008, liberada do cativeiro, Nayara decidiu voltar ao apartamento em Santo André, no ABC, onde Lindemberg Alves Fernandes manteve sua amiga refém por mais de 100 horas. No dia seguinte, ferida com um tiro no rosto, Nayara foi resgatada muito ferida do apartamento. Atingida por dois tiros, um na cabeça e outro na virilha, Eloá morreu. A família doou os órgãos de Eloá. Nayara passou por atendimento psicológico e retomou os estudos.
"Ela tenta levar a vida dela, mas não é uma coisa fácil. Ela ainda é uma criança", diz a avó de Nayara, Neusa Rodrigues da Silva. "Isso tudo deixa ela nervosa", afirma. Agora com 16 anos, Nayara mudou de escola, mas é reconhecida por onde vai. "Ela está estudando, levando a vida de qualquer adolescente, mas todo mundo a questiona sempre", diz o advogado de Nayara, Marcelo Augusto de Oliveira. "Estamos bem, mas ela não toca no assunto", diz o pai da menina, o autônomo Luciano Vieira.
Preso em flagrante e denunciado por sequestro, cárcere privado, tentativa de homicídio, homicídio e posse ilegal de arma, Lindemberg aguarda julgamento na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. "Está um pouco devagar [o início do julgamento]", reclama o pai de Nayara.
A defesa de Lindemberg impetrou dois habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, um com pedido de liberdade provisória e outro para suspender o andamento do processo. As liminares foram negadas, mas o gabinete do ministro Celso Limongi analisa o mérito das ações e já recebeu pareceres do Ministério Público Federal sobre o assunto.
Lindemberg também aguarda a manifestação do desembargador Pedro Menin, da 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, que analisa recurso contra a decisão que leva Lindemberg ao Tribunal do Júri.
A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, disse em entrevista por telefone que ele está bem de saúde, vive em uma cela junto com outros presos e recebe quinzenalmente a visita da mãe e das irmãs. De acordo com ela, Lindemberg é um preso de bom comportamento. "Ele nunca foi punido. Nunca teve nenhum problema", afirmou.